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O professor e o trabalho com projetos no Novo Ensino Médio

Professor(a),
bem-vindo(a) ao curso “O professor e o trabalho com projetos no Novo Ensino Médio”.

Esse curso tem por objetivo apresentar as mudanças propostas no Novo Ensino Médio, assim como as novas diretrizes do PNLD 2021. Além disso, apresentará o conceito da Pedagogia de Projetos e Metodologias Ativas, demonstrando de que maneira essas estratégias são concretizadas no trabalho com projetos em cada área do conhecimento. Ao final, explanará o que são os Projetos de Vida.

Serão 5 módulos no total:

  • Módulo 1 - Mudanças no EM
  • Módulo 2 – PNLD
  • Módulo 3 – Pedagogia de projetos e metodologias ativas
  • Módulo 4 – O trabalho com projetos em cada área do conhecimento
  • Módulo 5 - Projeto de vida

Bons estudos!

MÓDULO 1 – MUDANÇAS NO ENSINO MÉDIO

Olá, professor(a)!

Esperamos que se encontre bem.

Neste primeiro módulo, apresentaremos a nova configuração do Ensino Médio, que inicia um novo formato e contempla uma série de mudanças em relação ao modelo anterior.

Vamos conhecer suas novidades?

Nos últimos anos, a educação básica tem passado por diversas mudanças, sendo as mais significativas no Ensino Médio. O objetivo é oferecer uma educação voltada às habilidades e competências necessárias ao mundo contemporâneo.

Essas mudanças visam uma formação completa do cidadão que está mais próximo de sua emancipação enquanto cidadão e das demandas do mercado de trabalho, desenvolvendo as habilidades e competências de forma mais integrada.

A seguir, apresentaremos brevemente as mudanças propostas pela BNCC e pelo Novo Ensino Médio.

Base Nacional Comum Curricular - Educação é a Base

Com a implementação da BNCC, a partir de 2017, os livros didáticos de todos os segmentos de ensino foram modificados para atender as mudanças propostas. A BNCC é um currículo nacional que define um conjunto de aprendizagens essenciais na educação básica, baseado no desenvolvimento de habilidades e competências.

A BNCC também propõe o trabalho com Temas Contemporâneos Transversais, que devem permear o trabalho com todas as áreas do conhecimento e devem ser desenvolvidos numa perspectiva de uma atitude empreendedora dos indivíduos.

Outra importante mudança é que os componentes curriculares (disciplinas) agora estão organizados em quatro áreas do conhecimento. São elas:

  • Linguagens e suas Tecnologias (Língua Portuguesa, Língua Inglesa, Arte, Educação Física)
  • Matemática e suas Tecnologias (Matemática)
  • Ciências da Natureza e suas Tecnologias (Física, Biologia, Química)
  • Ciências Humanas e Sociais Aplicadas (História, Geografia, Filosofia e Sociologia)

O documento oficial está disponível no site oficial do MEC: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf.

O Novo Ensino Médio é uma proposta de reformulação desta etapa de ensino, ligado diretamente à autonomia do jovem e formação para a vida e para o mercado de trabalho. Propõe mudanças em três eixos:

1. Direitos iguais de aprendizagem para todos, que devem ser garantidos através da BNCC;

2. Escolha pelos estudantes dos conhecimentos que irão se aprofundar, que devem ser garantidos através do oferecimento de itinerários formativos, que são diferentes caminhos possíveis para os alunos, rompendo com a ideia de que todos os alunos devem aprender as mesmas disciplinas no Ensino Médio;

3. Mais horas de estudos, com a ampliação da carga horária nas escolas de Ensino Médio.

Essas mudanças devem ocorrer em etapas. Nesse ano de 2021, o objetivo é contemplar o primeiro eixo, inserindo as mudanças da BNCC nos livros didáticos.

Outras informações sobre o Novo Ensino Médio estão disponíveis no site oficial do MEC: http://novoensinomedio.mec.gov.br/#!/pagina-inicial.

MÓDULO 2 – PNLD

O Programa Nacional do Livro Didático também sofreu algumas alterações em virtude das mudanças do Novo Ensino Médio. Em 2021, em um primeiro momento, serão escolhidos os Projetos Integradores e os Projetos de Vida – que fazem parte do Objeto 1.

Os livros do Objeto 1 são novas propostas no contexto escolar. Até o último PNLD, os livros eram por componente curricular. Uma das mudanças sugeridas pela BNCC é integrar os conhecimentos das áreas em livros únicos: um que trabalha com projetos (Objeto 1) e outros que trabalham os conteúdos de forma sistematizadas (Objeto 2).

Em relação ao Objeto 1, as escolas devem escolher para cada aluno:
4 livros de projetos integradores (sendo um para cada área do conhecimento)
1 livro de projeto de vida

Essas obras didáticas de Projetos Integradores e de Projeto de Vida serão reutilizáveis e terão ciclo de quatro anos.

Em relação aos Projetos Integradores, os professores receberão um Manual do Professor impresso de cada obra assim como seis videotutoriais de 5 a 10 minutos de caráter complementar.

Quanto ao Projeto de Vida, os professores receberão o Manual do Professor impresso junto com o material digital composto por três videotutoriais de 5 a 10 minutos, um para cada dimensão trabalhada na obra.

Os Projetos integradores são livros que contemplam uma dimensão integrada das áreas do conhecimento. Organizam-se em volumes únicos.

Cada livro deve trazer seis projetos, que devem obrigatoriamente contemplar quatro temas integradores (STEAM, Protagonismo Juvenil, Mídia educação e Mediação de conflitos) em todas as áreas do conhecimento.

Todos os volumes dos Projetos Integradores foram construídos dentro das normas da BNCC.

Cada aluno receberá 4 volumes - um para cada área do conhecimento (linguagens, matemática, ciências da natureza e ciências humanas e aplicadas).

Cada uma das obras conta com 6 projetos. Cada projeto é construído em cima de um dos Temas Integradores (STEAM, Protagonismo Juvenil, Mídia educação e Mediação de conflitos).

A seguir, você conhecerá o que cada um dos Temas Integradores aborda:

Os Projetos integradores devem estimular o empreendedorismo, trabalhando dentro de temas que contribuem com a ampliação da capacidade de inovação dos alunos.

Os Projetos de Vida são livros planejados para abordar a perspectiva pessoal e de formação do jovem enquanto indivíduo. Propõe-se discutir questões de autoconhecimento, lugar no mundo e planejamento para o futuro no âmbito escolar, com o objetivo de oferecer ao aluno uma formação que proporcione integração das questões pessoais e sociais com o mundo da escola.

São compostos por três módulos obrigatórios (um para cada ano do Ensino Médio) em um livro de volume único. É obrigatório que as três partes estejam divididas em:

1. autoconhecimento (indivíduo)
2. expansão e exploração (habilidades individuais e encontro com o outro)
3. planejamento (pensar sobre o futuro)

MÓDULO 3 – PEDAGOGIA DE PROJETOS E METODOLOGIAS ATIVAS

3.1 – Pedagogia de projetos

A pedagogia de projetos consiste na passagem da aprendizagem passiva, caracterizada pela memorização, para uma aprendizagem democrática, ativa e autônoma. Essa metodologia de ensino tem por objetivo o desenvolvimento integral do aluno, articulando a interdisciplinaridade dentre os componentes curriculares e o protagonismo crítico e cidadão dos alunos, levando em conta que a divisão de conhecimento já não acompanha o mundo contemporâneo e que o aluno precisa ter autonomia na construção de seu próprio conhecimento.

Uma vez que essa proposta pedagógica tem como base o a construção do conhecimento e a vivência do conhecimento pelos estudantes, dando-os pleno protagonismo, está em completa articulação com a descrição do desenvolvimento das competências e habilidades na Base Nacional Comum Curricular:

Projeto é um percurso por uma situação-problema oriunda de um tema central. A construção de um projeto não se faz de maneira padronizada. Um projeto pode ser construído a partir de diversos métodos, mas, geralmente, parte de formulações de hipóteses, pesquisa, criação, aprofundamento do tema, até chegar num produto final, criado coletivamente, e, posteriormente, compartilhado ao público.

De maneira geral, esse processo compreende 4 etapas: (1) problematização, (2) desenvolvimento, (3) aplicação e (4) avaliação.

Assim, a construção de um produto final e, por conseguinte, de um projeto, não é imediatista: é feita por fases, de maneira que os alunos verdadeiramente experienciem essa construção a partir da reflexão e da prática.

Na etapa de problematização, é feito, primeiramente, um levantamento prévio acerca do que os alunos já sabem sobre o tema, assim como o que eles gostariam de saber. Nessa etapa primária, é de extrema importância que os professores escutem atentamente às considerações dos alunos, uma vez que isso vai ajudar a planejar os próximos passos.

Na etapa de desenvolvimento, os estudantes são estimulados a pensar e criar estratégias a fim de buscar respostas às hipóteses levantadas na problematização. Durante essa etapa, o cronograma é mais bem delimitado. É aqui que os grupos podem ser organizados e que as atividades são propostas.

Na etapa de aplicação, é a etapa que engloba a circulação de ideias e a construção do produto final. É nessa etapa que os alunos aplicam com autonomia os conhecimentos adquiridos durante o projeto.

Na etapa de avaliação, professores e alunos avaliam o processo individual e coletivo da construção do projeto, assim como os produtos finais e produtos parciais. Aqui, é interessante frisarmos que a avaliação integra não somente o resultado, mas o próprio processo (e progresso!) de aprendizagem.

Uma grande vantagem de aprender por projetos é que essa pedagogia acompanha o mundo contemporâneo e sua diversidade cultural, uma vez que a democratização do ensino traz a multiplicidade de culturas à sala de aula. Assim, o aluno tem a possibilidade de se ver representado no processo de aprendizagem, assim como tem a possibilidade de entender e participar desse mundo em movimento.

Por participar ativamente da construção do conhecimento, o aluno não se vê mais como participante passivo nesse percurso. Agora, ele recebe o protagonismo e vivencia o conhecimento, partindo de suas próprias experiências e conhecimentos prévios.

Ao vivenciarem esse conhecimento de maneira aprofundada e, ao final, verem esse conhecimento consolidado e compartilhado, os alunos se veem como transformadores da realidade. Conforme a pesquisadora Lúcia Helena Leite:

“Esse aluno deixa de ser, nessa perspectiva, apenas um aprendiz do conteúdo de uma área de conhecimento qualquer. É um ser humano que está desenvolvendo uma atividade complexa e que nesse processo está se apropriando, ao mesmo tempo, de um determinado objeto do conhecimento cultural e ser formando como sujeito cultural.” (LEITE, 1996, p.32)

O professor, então, não tem o papel de detentor único do conhecimento, fazendo com que os alunos sejam apenas receptores das informações. O professor é o guia na construção do projeto, levantando perguntas, articulando discussões, auxiliando na construção dos produtos parciais e do produto final.

É papel do professor, também, identificar os conhecimentos prévios que os alunos já detêm. Como a pedagogia de projetos tem como base fundamental a criação do projeto através da experiência, é de suma importância que o professor consiga vincular os aprendizados propostos com a realidade dos alunos, considerando suas pluralidades.

Por mais que os projetos normalmente tenham objetivos e etapas preestabelecidas, os professores são responsáveis por, também, adaptá-los de maneira que caibam nas possibilidades da escola. Além disso, uma vez que a construção de um projeto é feita de maneira dinâmica, pode ser que, durante o percurso, o professor se depare com ainda mais possibilidades que possam somar à experiência dos alunos ou com possível alterações no cronograma.

Levando em consideração a proposta de formação ampla e integral dos alunos, a pedagogia de projetos não estimula aprendizados de um único componente curricular ou única área do conhecimento. Assim, a participação de professores de diferentes áreas é essencial, integrando um planejamento conjunto da construção do projeto.

A interdisciplinaridade é uma estratégia de ensino-aprendizagem que busca reparar a forma fragmentada e compartimentada do conhecimento implementado nas escolas através dos componentes curriculares. Por meio da articulação de saberes, intenciona munir o aluno de ferramentas capazes de gerar a compreensão necessária sobre os fatores culturais, sociais, ambientais, econômicos e políticos. Esses são temas de discussões cada vez mais presentes no cotidiano geral, já que se posicionar e refletir sobre a realidade são práticas urgentes em um mundo complexo e em constante movimento, devido à globalização.

O intuito principal deste método pedagógico é fornecer as condições necessárias para que uma visão crítica e contextualizada seja possível diante dos desafios impostos pela sociedade contemporânea.

A escola se mostra um lugar privilegiado para exercer a difusão de discussões e novos saberes que vão além dos que são consolidados pela comunidade acadêmica e científica. Tem como dever incentivar no dia a dia as expediências didáticas e práticas pedagógicas que resultem em novas formas de ensinar e aprender, pautadas na criação de projetos de trabalho interdisciplinares. Para tanto, é importante a participação dos docentes no estabelecimento das relações conceituais entre as disciplinas, na articulação de metodologias de ensino-aprendizagem que suscitem o diálogo e a integração entre os docentes e entre os docentes e discentes.

O diálogo e a integração permitem mobilizar conhecimentos e esforços para a proposição de desafios estimulantes, a elaboração de projetos criativos e a realização de pesquisas integradas, além de promoverem ações propositivas que aproximem a escola da comunidade como um todo.

Neste sentido, a BNCC, quando contempla a interdisciplinaridade, pontua a autonomia que as instituições têm ao trabalhá-la de acordo com os seus próprios critérios, respeitando a sua realidade e da comunidade escolar ao:

A concretização de projetos interdisciplinares pressupõe, portanto, a realização de um trabalho coletivo que requer dos seus participantes a discussão sobre objetivos e a relevância da pesquisa para o grupo, bem como os caminhos a serem percorridos para a sua elaboração (PONTUSCHKA, 1999). Este engajamento propicia a criação de um ambiente de aprendizado e de trocas de conhecimento, informações e experiências entre profissionais de diversas áreas do saber, resultando na elaboração de projetos mais criativos e que integram várias áreas para cumprir um propósito.

Além disso, torna-se imprescindível estabelecer um ensino interdisciplinar a fim de desenvolver em plenitude as competências e habilidades previstas pela BNCC, já que elas demandam uma compreensão contextualizada da totalidade.

O ensino por projetos potencializa a integração dos diferentes componentes curriculares da área e de diferentes áreas do conhecimento, bem como o uso de diversas mídias e recursos, que permitem que os estudantes se expressem das mais variadas formas e linguagens. Desse modo, o aluno pode contextualizar o conhecimento que está sendo construído e estabelecer conexões duradouras e significativas com ele, tornando-se de fato um agente do processo educacional.

Os objetos de estudo de projetos são, por excelência, propostas interdisciplinares, pois são temas, como já dito, de relevância cultural e social, que devem ser investigados sob diferentes perspectivas. Assim, não seria possível esgotá-los tomando como base apenas um componente curricular.

Para a interdisciplinaridade funcionar, deve-se levar em consideração a cooperação entre professores de diversas áreas do saber para estimular o diálogo entre os pares, o debate das ideias, o uso do repertório teórico-conceitual de diversos componentes curriculares, além de procedimentos e atitudes que norteiam as ações pedagógicas no desenvolvimento das competências e habilidades exigidas para a realização do projeto. A concretização de experiências de ensino e aprendizagem, como essa no Ensino Médio, propicia o desenvolvimento de uma visão mais relacional e articulada do conhecimento e das ações como forma de preparar os jovens para responder aos desafios da sociedade contemporânea.

Vale ainda ressaltar que esse novo tipo de proposta interdisciplinar ABP (Aprendizagem Baseada em Projetos) busca suprir as demandas de muitos profissionais, cuja atuação se dá pelo estímulo ao trabalho em equipe, onde o diálogo entre pessoas de diferentes áreas de formação se faz necessário, e que elas sejam flexíveis e compartilhem seus conhecimentos entre as equipes de trabalho, fomentando o desenvolvimento de ideias e produtos, assim como a solução de problemas complexos e inovações tecnológicas.

Cabe ao professor auxiliar nessa conexão, problematizando questões trazidas pelos estudantes e orientando quanto às ferramentas e aos métodos de pesquisa mobilizados em cada projeto. Estes, por sua vez, são apresentados em torno de eixos temáticos, chamados temas integradores (abordados nas etapas iniciais do curso).

Em termos procedimentais, o trabalho interdisciplinar ocorre em todas as etapas de desenvolvimento do projeto, responsáveis por englobar:

  • A averiguação dos conhecimentos prévios do aluno sobre o tema;
  • A pesquisa, seleção e análise das informações sobre o tema;
  • O debate de ideias entre os alunos e professores sobre a pesquisa realizada;
  • A busca por respostas às questões propostas;
  • A definição e a execução do projeto;
  • A apresentação do produto final à comunidade;
  • O processo avaliativo que contempla os componentes curriculares.

É importante ressaltar que, em cada etapa de trabalho, os alunos sintam-se integrados ao grupo e motivados a buscar múltiplas alternativas de resolução das questões propostas, por meio do repertório de competências e habilidades desenvolvidas nos componentes curriculares contemplados pelos projetos. De modo mais direto, a multiplicidade de competências e habilidades são desenvolvidas e trabalhadas por diferentes componentes curriculares, como produzir e interpretar mapas, textos, gráficos, imagens, vídeos, entre outras formas de linguagem e interpretação. Ao compreender que esses são fatores livres de qualquer tipo de enquadramento, o professor e os alunos adquirem a liberdade para compor os conhecimentos de modo integrado e em totalidade.

A seguir, será mais bem detalhado o trabalho das diferentes áreas do conhecimento com a interdisciplinaridade, e como as nossas obras se encarregam de cumprir com rigor todas as especificidades que este tipo de aprendizagem possui.

Continue nos acompanhando para saber mais sobre o nosso trabalho com os Projetos Integradores – Ensino Médio!

3.2 – Metodologias ativas

O que são metodologias ativas?

Metodologias ativas são modalidades de trabalho que apresentam novas formas de aprendizagem, repensando e modificando as abordagens tradicionais de sala de aula. O principal objetivo dessas modalidades de ensino é incentivar os estudantes para que eles aprendam de forma autônoma e participativa, vivenciando problemas e situações reais em seu processo. A participação ativa do estudante o coloca no centro da aprendizagem, como responsável pela construção do conhecimento.

As metodologias ativas são caminhos para avançar mais no conhecimento profundo, nas competências socioemocionais e em novas práticas (MORAN, 2013). Nesse momento de mudanças na Educação Básica brasileira, as metodologias ativas tornam-se fundamentais para o desenvolvimento das competências necessárias para o século XXI.

A aprendizagem baseada em problemas tem como base de inspiração os princípios da escola ativa, do método científico, de um ensino integrado e integrador dos conteúdos e dos componentes curriculares e dos ciclos de estudo, em que os alunos aprendem a aprender e se preparam para resolver problemas. Ela tem como propósito fazer com que os estudantes aprendam através da resolução colaborativas de desafios ao explorar soluções dentro de um contexto específico de aprendizado. Essa metodologia incentiva habilidades de investigação, reflexão e criação diante das situações, estimulando o pensamento crítico.

Em sala de aula, a aprendizagem baseada em problemas parte de uma contextualização para dar sentido ao problema e estimular o engajamento dos estudantes para discutir, pensar e utilizar seus conhecimentos para propor soluções para o problema. O professor atua como mediador, provocando e instigando o aluno a buscar resoluções por si só, intermediando e oferecendo retorno para a reflexão sobre os caminhos tomados para a construção do conhecimento.

A aprendizagem por pares (conhecida também como aprendizagem baseada em equipes ou aprendizagem baseada em times) é um tipo de metodologia na qual os objetivos de aprendizagem são atingidos por intermédio da interação entre os estudantes. Eles devem ser organizados em pares (ou equipes) a partir de um agrupamento intencional, que leva em conta os interesses comuns entre eles, assim como as habilidades e conhecimentos que eles trazem, que devem ser complementares, para que ensinem um ao outro e troquem experiências.

Esse tipo de metodologia desenvolve as habilidades de comunicação, trabalho em equipe, relacionamento interpessoal, responsabilidade, autoconfiança e colaboração entre os estudantes.

Em sala de aula, a aprendizagem por pares é benéfica tanto para grupos homogêneos quanto para grupos heterogêneos. O professor deve explorar os interesses e contribuições que os alunos podem trazer para a dupla ou grupo para que o aproveitamento seja o melhor possível. Além disso, é fundamental que o professor supervisione as interações entre os estudantes, de forma a poder contribuir para as produções, dar direcionamentos quando necessário, e mediar possíveis conflitos.

A gamificação é uma metodologia que permite que a mecânica dos jogos seja aplicada em sala de aula, criando espaços de aprendizagem mediados pelo desafio, pelo prazer e entretenimento. Tem como principal objetivo aumentar a participação e o engajamento dos estudantes nos desafios propostos. A utilização dos elementos de jogos torna o aprendizado mais envolvente, promovendo uma postura mais exploratória e autoral por parte dos estudantes, além de contribuir para o desenvolvimento de habilidades cognitivas (planejamento, memória, atenção etc.), habilidades sociais (comunicação, assertividade, mediação e resolução de conflitos interpessoais etc.) e habilidades motoras.

A gamificação permite o engajamento criativo, a partir da construção de narrativas e de personagens, construção de cenários e ocupação de diversos espaços físicos. O estudo dos conteúdos curriculares pode ser sedimentado a partir de leituras, pesquisas e atividades específicas que envolvam a atividade gamificada ou parte dela.

Sala de aula invertida é uma metodologia que propõe uma inversão completa do modelo tradicional de ensino. A ideia é prover aulas menos expositivas, mais produtivas e participativas, capazes de engajar os alunos no conteúdo e utilizar melhor o tempo e o conhecimento do professor.

A metodologia permite que os estudantes tenham acesso ao conteúdo de maneira antecipada, de forma que o tempo de aula possa ser dedicado a debates mais elaborados e aprofundamento do conhecimento. O objetivo é otimizar e potencializar as aulas.

O contato prévio dos estudantes com o conteúdo pode ser feito a partir de textos de diferentes gêneros, podcasts, vídeos curtos, filmes etc., para que as informações possam ser retomadas e utilizadas no desenvolvimento das atividades.

O ensino híbrido é uma abordagem pedagógica que combina atividades presenciais e atividades realizadas por meio das tecnologias digitais de informação e comunicação, que podem ser desenvolvidas à distância. A combinação dessas diferentes propostas coloca o foco do processo de aprendizagem no estudante e não mais na transmissão de informação que o professor realiza no ensino tradicional.

Como o estudante estuda o material em diferentes situações e ambientes, a sala de aula passa a ser o lugar de aprender ativamente, com a realização de atividades de resolução de problemas ou projetos, discussões, laboratórios etc., com o apoio do conhecimento do professor e colaborativamente com os colegas.

O acesso à tecnologia no ambiente escolar é fundamental por expandir exponencialmente as possibilidades para professores e estudantes. O ambiente virtual favorece o desenvolvimento de diversos tipos de metodologias ativas, habilidades de pesquisa, investigação e comunicação, bem como a autonomia dos estudantes no processo de ensino e aprendizagem.

A aprendizagem baseada em projetos é uma metodologia em que os alunos se envolvem com desafios e tarefas para a resolução de um problema ou para desenvolver um projeto que tenha a ver com aspectos da vida dos alunos de forma geral, dentro e fora da escola. Durante esse processo, os alunos lidam com questões interdisciplinares e exercitam a tomada de decisões, sozinhos ou em grupos.

A metodologia também contribui para o desenvolvimento de habilidades de pensamento crítico, pensamento criativo e para a percepção de que existem várias formas para a resolução de um problema.

Na Educação Básica, o trabalho com projetos está sendo estimulado pela distribuição de livros de Projetos Integradores pelo PNLD. Esses livros integram diferentes componentes curriculares e áreas do conhecimento em diversos projetos e o desenvolvimento deles pode demandar o trabalho conjunto entre dois ou mais professores.

Os projetos articulam diversos pontos de vista, saberes e áreas do conhecimento, trazendo questões complexas que fazem parte do dia a dia e que possibilitam que os alunos percebam que o conhecimento segmentado é composto de olhares pontuais para conseguir encontrar significados mais amplos, criando conexões entre os saberes.

Os projetos se desenvolvem a partir de diversas etapas e, em diversos momentos, diferentes tipos de metodologias ativas podem ser utilizados. As temáticas abordadas tem proximidade com as vidas dos estudantes e os contextos que eles vivenciam, partindo de necessidades concretas e expressando uma dimensão importante da aprendizagem, em que os estudantes não apenas conhecem a realidade, mas simultaneamente contribuem para melhorá-la, ampliando o sentido do aprender e permitindo a vivência de uma transformação a partir da sua aprendizagem.

Como vimos, na prática pedagógica baseada em metodologias ativas o aluno é o próprio autor de sua aprendizagem. Nessa abordagem, ele passa de uma postura passiva para uma postura ativa, desempenhando um papel crítico-reflexivo e estabelecendo conexões entre conhecimentos prévios, sendo as principais modalidades mobilizadoras desses aspectos a(o):

  • aprendizagem baseada em problemas
  • aprendizagem por pares
  • gamificação
  • sala de aula invertida (flipped classroom)
  • ensino híbrido (blended learning)
  • design thinking
  • aprendizagem baseada em projetos

No entanto, como empregar essa abordagem contemporânea em sala de aula? Utilizá-la não significa aumentar a carga horária do(s) currículo(s) envolvido(s) com uma atividade pautada em metodologias ativas, mas, com o auxílio dos saberes fornecidos pelos componentes curriculares, encontrar soluções para problemas até então desconhecidos.

Fonte: Nova Escola De acordo com o educador e pesquisador José Moran, a diversidade técnica envolvida com as metodologias ativas deve estar pautada, dentre outras propostas, na integração maior entre as diferentes áreas do conhecimento, ou seja, na interdisciplinaridade. Assim, seria possível, em conjunto com professores de diferentes áreas do conhecimento, planejar a aplicação de conteúdos que seriam tradicionalmente abordados em projetos alinhados a situações reais.

Considerando esses pressupostos, demonstraremos como diferentes conteúdos escolares podem ser integrados e verticalizados para o desenvolvimento de competências gerais e específicas da BNCC, tendo como eixo norteador um assunto bastante presente na vida dos adolescentes: a prevenção ao uso de drogas.

Por se desenvolverem a partir de diversas etapas, os projetos permitem que diferentes metodologias ativas sejam trabalhadas, o que favorece a visualização de algumas dessas técnicas em nosso curso. Vale destacar, contudo, que as técnicas aqui apresentadas não precisam ser empregadas somente às etapas de um grande projeto, mas também no desenvolvimento de um tópico disciplinar dentro de uma determinada área do conhecimento.

Como planejar um projeto baseado em metodologias ativas?

O trabalho com projetos não visa substituir as disciplinas tradicionais (que, Novo Ensino Médio, estarão combinadas em livros por área do conhecimento), mas estimular a criatividade e o interesse dos estudantes por meio da interdisciplinaridade e do protagonismo promovido pelas metodologias ativas.

Combinar interdisciplinaridade e protagonismo pode parecer desafiador, mas com criatividade e planejamento é possível idealizar projetos engajadores e atrativos para os estudantes. Quando pensamos em interdisciplinaridade, devemos ter em mente que a realidade é um banco de ideias, de onde podemos (e devemos) retirar temas capazes de integrar habilidades de diferentes áreas do conhecimento.

O caminho mais seguro para fazer a relação entre as disciplinas é basear o projeto em contextos que façam sentido na vida dos jovens ou de suas comunidades. Questões relacionadas aos transportes, condições sanitárias/ambientais do bairro e os desafios inerentes da adolescência são exemplos que rendem desdobramentos em várias áreas. Ademais, possibilitam a aproximação dos estudantes com as demandas do mundo contemporâneo, viabilizando o desenvolvimento das competências gerais e específicas da BNCC, além do trabalho com os Temas Contemporâneos Transversais delineados no documento.

Com relação à escolha das metodologias ativas, é interessante misturar diferentes técnicas de maneira equilibrada, de modo que as atividades sejam menos previsíveis para os alunos. Cada abordagem tem sua importância, mas não deve ser superdimensionada como única, pois assim as dinâmicas não se tornam exaustivas.

Diversas estratégias podem ser usadas para conseguir ambientes de aprendizagem ativa em sala de aula, sendo algumas delas:

  • Estudos de caso
  • Debates sobre temas da atualidade
  • Geração de ideias (brainstorming)
  • Modelagem e simulação de processos
  • Criação de blogs, sites e redes sociais

Tendo essas ideias em mente, é hora de planejar. A seguir, apresentamos um modelo de tabela que pode ser utilizada para a definição/visualização de elementos importantes para a execução de um projeto baseado em metodologias ativas.

Planejamento das atividades
Propósito Por que os estudantes vão desenvolver este projeto?
Motivação Qual é a situação-problema utilizada para contextualizar a questão norteadora?
Objetivos Quais os objetivos de aprendizagem?
Processos Qual será o percurso traçado para o atingimento dos objetivos?
Áreas do conhecimento Quais as áreas do conhecimento envolvidas com o projeto?
Estratégias Quais metodologias ativas serão empregadas?
BNCC Quais competências gerais, específicas e habilidades da BNDD serão mobilizadas?
Cronograma Quantas aulas serão necessárias para execução do projeto?

Além das respostas para as perguntas norteadoras do modelo, deve-se buscar delinear os aspectos que serão avaliados ao longo das atividades. Nesse sentido, as rubricas podem facilitar a avaliação da colaboração individual dos estudantes em todas as etapas do projeto, permitindo uma visão mais apurada da performance de cada um.

A elaboração das rubricas deve ser realizada antes do início do projeto, deixando claro todos os envolvidos e quais são as expectativas esperadas, como mostra o modelo de rubrica a seguir.

Quadro de rubricas
Critérios Ótimo desempenho Muito bom desempenho Bom desempenho Em processo
Colaboração (individual)
Planejamento (individual)
Organização do espaço e dos materiais (individual)
Produto final (coletivo)

A elaboração das rubricas deve ser realizada antes do início do projeto, deixando claro todos os envolvidos e quais são as expectativas esperadas, como mostra o modelo de rubrica a seguir.

O tecido nervoso humano e as dimensões discursivas da linguagem são assuntos tratados no primeiro ano do Ensino Médio pelas áreas de Ciências da Natureza e suas Tecnologias e Linguagens e suas Tecnologias, respectivamente. Assim como a maioria dos conteúdos escolares, são comumente abordados de maneira expositiva, ainda que haja o envolvimento dos estudantes na realização de atividades e o uso de recursos didáticos complementares, como imagens, vídeos, sites, entre outros.

Somados e alinhados à realidade, ambos os conteúdos podem ser utilizados para que os estudantes realizem uma análise sobre o tema “drogas” em diferentes meios de comunicação e, a partir dos conhecimentos adquiridos, produzam em grupo seus próprios materiais informativos a respeito desse assunto para sua comunidade.

Considerando a tabela de planejamento apresentada no tópico anterior, poderíamos traçar as seguintes propostas para esse projeto:

Planejamento das atividades
Propósito Conscientização sobre o uso de álcool, cigarro e outras drogas por meio de ações educativas.
Motivação Consequências físicas e mentais na vida adulta provocadas pelo abuso de drogas na adolescência.
Objetivos
  • Diferenciar os tipos de drogas e seus efeitos;
  • Produzir textos multimodais;
  • Articular significados e sentidos na produção de textos;
  • Trabalhar colaborativamente;
Processos
  • Identificação científica do que são drogas e seus efeitos;
  • Pesquisa sobre as consequências causadas pelo uso de drogas;
  • Produção de diferentes mídias para divulgação dos impactos na saúde e na sociedade.
Áreas do conhecimento
  • Ciências da Natureza e suas Tecnologias;
  • Linguagens e suas Tecnologias.
Estratégias Caro professor, quem “preencherá” essa coluna será você. Mais adiante você entenderá.
BNCC
  • Competências Gerais
    2, 4, 5, 7, 8 e 10
  • Competências gerais e habilidades de Ciências da Natureza e suas Tecnologias
    2: EM13CNT207; 3: EM13CNT302 e EM13CNT303.
  • Linguagens e suas Tecnologias
    1: EM13LGG101, EM13LGG103 e EM13LGG104; 3: EM13LGG305; 7: EM13LGG701, EM13LGG703 e EM13LGG704.
Cronograma 10 aulas.

A seguir, apresentaremos uma síntese do que as etapas de um projeto nesse contexto poderiam propor.

Iniciação

Na introdução do projeto, propõe-se a seguinte questão norteadora: como podemos promover ações que reduzam o uso de bebidas alcoólicas, cigarro e outras drogas por jovens e adolescentes?

Inicialmente, os estudantes analisam cartazes de campanhas do Ministério da Saúde e de outros meios sobre a prevenção ao uso de drogas, identificando as mensagens que eles desejam transmitir e debatendo se as campanhas são adequadas para o público jovem.

Na sequência, uma reflexão a respeito das drogas e dos meios de comunicação é realizada, de modo que os estudantes possam debater sobre como drogas lícitas e ilícitas são abordadas pela mídia. As reais consequências do abuso de álcool são devidamente veiculadas? Quais polêmicas envolvendo o tema “drogas” eles conhecem?

Etapa 1

Na etapa 1, com o apoio de textos e outros recursos, que podem ser vídeos, matérias, posts de blogs ou redes sociais, os estudantes, organizados em grupos, analisam os efeitos fisiológicos gerados pelas drogas. Cada grupo se apropria desses conhecimentos com um determinado tipo de recurso pedagógico. Por exemplo: grupo A: textos; grupo B: vídeo; grupo C: entrevista com um profissional da saúde especialista no assunto. Na sequência, rotacionam entre os diferentes recursos.

A mediação é realizada pelo professor da área de Ciências da Natureza.

Etapa 2

Na etapa 2, com base em conteúdos textuais e imagéticos sobre o que são drogas e quais os seus tipos, os estudantes devem pesquisar sobre os efeitos das diferentes categorias de drogas. Para a pesquisa, eles se organizam em pares, ficando cada um responsável por uma parte da pesquisa. Após a conclusão da atividade, devem ensinar uns aos outros o que foi aprendido.

Em seguida, os grupos constroem um mapa mental relacionando as informações da atual etapa com a etapa 1. Os grupos permanecem os mesmos para a realização das etapas seguintes.

Etapa 3

Na etapa 3, de modo autônomo e mediante a disponibilização prévia de conteúdos sobre textos multimodais, imagens de advertência, entre outros, os estudantes se apropriam de estratégias para sensibilizar o público que consumirá a informação.

Em seguida, aprofundam esses conceitos com a atuação direta do professor da área de Linguagens.

Etapa 4

Nesta etapa, os grupos começam a pensar na produção de seus conteúdos informativos a respeito do uso de drogas, que, nesse projeto fictício, se trata de um vídeo. Perguntas como “- Quais informações são relevantes para nosso público-alvo?”; “- Quais estratégias serão utilizadas?” devem nortear a elaboração dessa etapa.

Para tanto, são sugeridos dois tipos atividades:

  • Entrevista com a comunidade de amigos e familiares dos estudantes (para auxiliar o levantamento das informações importantes a serem contempladas pelo vídeo);
  • Um modelo de roteiro, com auxílio de dicas e materiais disponibilizados na internet sobre roteirização (para a delimitação das estratégias e recursos a serem utilizados na elaboração do vídeo).

Os grupos de alunos podem subdividir-se para a realização de ambas as atividades.

Etapa 5

Na última etapa, os vídeos são confeccionados pelos grupos, com a orientação do professor e suporte de materiais (sites, vídeos) com dicas para a elaboração desse tipo de mídia.

Finalização

Socialização dos vídeos produzidos com o professor e entre os grupos, bem como com a comunidade dos estudantes.

Analisamos o protótipo de um projeto, no qual algumas metodologias ativas foram mobilizadas. Pudemos perceber que:

  • Contextos reais são muito eficazes para nortear o desenvolvimento de um projeto e suas metodologias ativas;
  • O professor adquire o papel de mediador;
  • O processo de aprendizagem centraliza o conhecimento no aluno; e
  • Os conteúdos disciplinares ganham outro significado, potencializando a verticalização de temas de relevância na vida dos jovens.

Vale destacar que o planejamento é de extrema importância para o sucesso de um projeto, sendo necessários encontros periódicos entre os professores coordenadores das atividades para o debate de ideias, organização do cronograma, definição de materiais, dentre outros diversos aspectos que podem ser incluídos no modelo de planejamento apresentado. Além do mais, deve-se considerar a intervenção do professor durante as atividades realizadas pelos estudantes quantas vezes for necessário, como para a explicação de pontos cruciais do conteúdo ou auxílio para elaboração dos subprodutos das etapas.

E por falar em modelo de planejamento, você se lembra que a coluna de estratégias seria “preenchida” por você, certo? Chegou a hora!

Abordamos, ao longo das 5 etapas, 3 das estratégias apresentadas em nossa primeira aula sobre metodologias ativas, além do projeto em si, que também se enquadra nessa modalidade. Você sabe quais são? Volte lá e tente identificar!

Se pensou em ensino híbrido (etapa 1), aprendizagem por pares (etapa 2) e sala de aula invertida (etapa 3), parabéns, você acertou!

Esperamos que as ideias apresentadas aqui possam lhe inspirar para o trabalho com projetos e outras metodologias ativas. Adiante, abordaremos o trabalho com projetos por área do conhecimento, trazendo para você, professor especialista, um maior aprofundamento sobre esse assunto dentro do seu campo de domínio.

Até a próxima!

ALVES, L. R. G.; MINHO, M. R. S.; DINIZ, M. V. C. Gamificação: diálogos com a educação in FADEL, L. M.; ULBRICHT, V. R.; BATISTA, C. R.; VANZIN, T. [Orgs.] Gamificação na Educação [eBook]. São Paulo: Pimenta Cultural, 2014. Disponível em: repositoriosenaiba.fieb.org.br/bitstream/fieb/667/1/gamificacao%20diálogos%20cap.pdf. Acesso em: 4 ago. 2020.

BACICH, L.; TANZI NETO, A.; TREVISANI, F. M. [Orgs.] Ensino Híbrido: Personalização e Tecnologia na Educação. 1ª ed. São Paulo: Penso, 2015.

BATISTA, Gislaine Munhoz; GAROFALO, Débora. Como incentivar a leitura através da gamificação. Revista Nova Escola [online]. Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/10843/como-incentivar-a-leitura-atraves-da-gamificacao. Acesso em: 4 ago. 2020.

CAVALCANTE, M. Interdisciplinaridade: um avanço na educação. Nova Escola, 7 mar. 2018. Disponível em: . Acesso em 14 ago. 2020.

FARDO, M. L. A Gamificação aplicada em ambientes de aprendizagem. Revista Novas Tecnologias na Educação. v. 11, n. 1. Porto Alegre, 2013. Disponível em: https://www.seer.ufrgs.br/renote/article/view/41629/26409. Acesso em: 04 ago. 2020.

GAROFALO, D. A importância de incluir as metodologias ativas na sua próxima aula. Redes Moderna. Disponível em: https://redes.moderna.com.br/2020/04/29/a-importancia-de-incluir-as-metodologias-ativas-na-sua-proxima-aula/. Acesso em: 4 ago. 2020.

GAROFALO, Débora. Como as metodologias ativas contribuem para o processo de aprendizagem. Revista Nova Escola [online]. . Disponível em: https://redes.moderna.com.br/2018/10/10/metodologias-ativas/. Acesso em: 4 ago. 2020.

GAROFALO, Débora. Como as metodologias ativas favorecem o aprendizado. Revista Nova Escola [online]. Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/11897/como-as-metodologias-ativas-favorecem-o-aprendizado. Acesso em: 4 ago. 2020.

MORAN, J. Metodologias ativas para uma aprendizagem mais profunda. Blog Educação Transformadora - José Moran. Disponível em: . Acesso em: 14 ago. 2020.

NOEMI, D. Uma revolução no ensino: descubra as metodologias ativas na aprendizagem. Escolas disruptivas, 4 jun. 2019. Disponível em: . Acesso em 20 ago. 2020.

PAIVA, Thaís. Como funciona a sala de aula invertida? Carta Capital [online]. Disponível em: https://www.cartacapital.com.br/educacao/como-funciona-a-sala-de-aula-invertida/. Acesso em: 04 ago. 2020.

Módulo 4 - O trabalho com projetos em cada área do conhecimento

Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Neste curso, trataremos a área de Ciências da Natureza na BNCC à luz da Aprendizagem Baseada em Projetos, explorando aspectos relevantes para o desenvolvimento deste trabalho, como o letramento científico, a abordagem investigativa e o incentivo ao protagonismo dos estudantes.

Na sequência, visualizaremos um exemplo da articulação de diferentes campos dentro de um projeto, analisando suas etapas e metodologias ativas.

Bons estudos!

O desenvolvimento da sociedade está diretamente atrelado aos conhecimentos advindos das Ciências da Natureza. É nítida a influência da ciência em nossas vidas, tanto no modo como pensamos como nas tecnologias das quais usufruímos: transportes, aparelhos domésticos e de comunicação, internet, equipamentos médicos, biotecnologia, programas de conservação ambiental, entre outros.

No modelo da educação bancária, termo cunhado por Paulo Freire e que diz basicamente sobre a transmissão dos conteúdos de forma arbitrária e mecânica, tal percepção sobre a importância da ciência e da tecnologia no mundo contemporâneo não é valorizada, além de não privilegiar a resolução de problemas, habilidade essencial na perspectiva do ensino de Ciências dos dias de hoje: quais as implicações do desmatamento desenfreado e mudanças climáticas? Por que buscar e investir em formas alternativas de energia? Como pensar a demanda por alimentos de uma população que tende a aumentar consideravelmente nos próximos anos?

Essas e outras constatações impulsionam as diretrizes e instituições de ensino a repensarem seus currículos e metodologias, de modo que estejam comprometidas com o letramento científico da população e formem cidadãos críticos e atuantes diante de desses dilemas. Nesse sentido, a área de Ciências da Natureza e suas Tecnologias na BNCC, por meio da articulação da Biologia, da Física e da Química, define competências e habilidades que permitem a ampliação e a sistematização das aprendizagens essenciais para que tais finalidades sejam alcançadas.

Fonte: Nova Escola
É imprescindível que os estudantes do Ensino Básico estejam conectados com as questões do mundo contemporâneo e sejam agentes atuantes sobre elas.

Além da articulação entre os diferentes campos do saber, esse letramento se dá através do acesso à diversidade de conhecimentos científicos produzidos ao longo do tempo, bem como da aproximação gradativa aos processos, às práticas e aos procedimentos da investigação científica. Assim, a BNCC postula que:

[...] é imprescindível que eles (os estudantes) sejam progressivamente estimulados e apoiados no planejamento e na realização cooperativa de atividades investigativas, bem como no compartilhamento dos resultados dessas investigações. Isso não significa realizar atividades seguindo, necessariamente, um conjunto de etapas predefinidas, tampouco se restringir à mera manipulação de objetos ou realização de experimentos em laboratório. Ao contrário, pressupõe organizar as situações de aprendizagem partindo de questões que sejam desafiadoras e, reconhecendo a diversidade cultural, estimulem o interesse e a curiosidade científica dos alunos e possibilite definir problemas, levantar, analisar e representar resultados; comunicar conclusões e propor intervenções.

(BNCC, 2018, p. 322. Adapt.)

Considerando essas dimensões, estudos nos quais se baseiam a BNCC de Ciências da Natureza e suas Tecnologias sinalizam cinco aspectos essenciais de ensino por investigação durante as aulas de ciências:

Envolvimento dos estudantes com questões orientadas cientificamente

Prioridade dada à evidência

Formulação de explicações a partir de evidências

Avaliações das explicações à luz da ciência e da comunicação

Justificativa das explicações propostas

Assim, a abordagem da Aprendizagem Baseada em Projetos proposta no Novo Ensino Médio apresenta-se com o intuito de corromper o paradigma da transmissão de conteúdos e proporcionar ao estudante, no que diz respeito a área de Ciências da Natureza e suas Tecnologias, a compreensão da importância e natureza da ciência, o desenvolvimento de habilidades cognitivas e a aprendizagem de conceitos e procedimentos científicos.

Tomando como base as referências dos temas integradores (STEAM, Protagonismo Juvenil, Midiaeducação e Mediação de Conflitos), abordados no primeiro módulo do nosso curso, os projetos em Ciências da Natureza e suas Tecnologias verticalizam os conteúdos da área com a finalidade de os estudantes se desenvolverem na:

  • resolução de problemas reais, tais como aqueles ligados à geração de energia, ao descarte de resíduos e à conservação do solo.
  • participação ativa na perspectiva cidadã, como em contextos que estimulam o engajamento na conservação da biodiversidade, na promoção da cultura e na preparação para o mercado de trabalho (empreendedorismo).
  • compreensão da produção, circulação e apropriação de informações, como àquelas relacionadas à promoção da saúde ou à manipulação de fatos (Fake news).
  • reflexão e ação sobre conflitos, tais como os resultantes dos avanços da tecnologia e da das demandas dos adolescentes.

Como visto em nosso módulo sobre pedagogia de projetos e metodologias ativas, o caminho mais seguro para a verticalização dos conteúdos disciplinares em projetos é a escolha por temas reais e que façam sentido para os estudantes. A seguir, analisaremos um exemplo de projeto na área de Ciências da Natureza e suas Tecnologias para compreendermos a aplicação das ideias expostas até aqui.

As alterações climáticas é um conteúdo comumente abordado no terceiro ano do Ensino Médio, em capítulos dedicados à análise da relação da humanidade com o ambiente. Dentro de uma perspectiva que valorize a investigação científica e o protagonismo, esse assunto pode funcionar como eixo norteador para a investigação de como são produzidas as informações científicas na sociedade, bem como elas são disseminadas e tratadas por diferentes mídias.

Considerando a diversidade de informações acerca desse fenômeno, o qual muitas vezes é interpretado erroneamente por muitas pessoas e até mesmo tratado com descrédito, os conteúdos conceituais sobre as mudanças climáticas podem ser empregados a favor da educação midiática, de modo que os estudantes trabalhem na elaboração de um material digital informativo (blog ou podcast) sobre os riscos causados pelas notícias falsas.

Com essa abordagem, os estudantes teriam a chance de desenvolver não somente habilidades da área de Ciências da Natureza, mas da área de Linguagens e suas Tecnologias.

Habilidades de Ciências da Natureza

EM13CNT101: Analisar e representar, com ou sem o uso de dispositivos e de aplicativos digitais específicos, as transformações e conservações em sistemas que envolvam quantidade de matéria, de energia e de movimento para realizar previsões sobre seus comportamentos em situações cotidianas e em processos produtivos que priorizem o desenvolvimento sustentável, o uso consciente dos recursos naturais e a preservação da vida em todas as suas formas.

EM13CNT105: Analisar os ciclos biogeoquímicos e interpretar os efeitos de fenômenos naturais e da interferência humana sobre esses ciclos, para promover ações individuais e/ou coletivas que minimizem consequências nocivas à vida.

EM13CNT301: Construir questões, elaborar hipóteses, previsões e estimativas, empregar instrumentos de medição e representar e interpretar modelos explicativos, dados e/ou resultados experimentais para construir, avaliar e justificar conclusões no enfrentamento de situações-problema sob uma perspectiva científica.

EM13CNT303: Interpretar textos de divulgação científica que tratem de temáticas das Ciências da Natureza, disponíveis em diferentes mídias, considerando a apresentação dos dados, tanto na forma de textos como em equações, gráficos e/ou tabelas, a consistência dos argumentos e a coerência das conclusões, visando construir estratégias de seleção de fontes confiáveis de informações.

EM13CNT101: Analisar e representar, com ou sem o uso de dispositivos e de aplicativos digitais específicos, as transformações e conservações em sistemas que envolvam quantidade de matéria, de energia e de movimento para realizar previsões sobre seus comportamentos em situações cotidianas e em processos produtivos que priorizem o desenvolvimento sustentável, o uso consciente dos recursos naturais e a preservação da vida em todas as suas formas.

EM13CNT309: Analisar questões socioambientais, políticas e econômicas relativas à dependência do mundo atual em relação aos recursos não renováveis e discutir a necessidade de introdução de alternativas e novas tecnologias energéticas e de materiais, comparando diferentes tipos de motores e processos de produção de novos materiais.

Habilidades de Linguagens e suas Tecnologias

EM13LGG102: Analisar visões de mundo, conflitos de interesse, preconceitos e ideologias presentes nos discursos veiculados nas diferentes mídias, ampliando suas possibilidades de explicação, interpretação e intervenção crítica da/na realidade.

EM13LGG104: Utilizar as diferentes linguagens, levando em conta seus funcionamentos, para a compreensão e produção de textos e discursos em diversos campos de atuação social.

EM13LP12: Selecionar informações, dados e argumentos em fontes confiáveis, impressas e digitais, e utilizá-los de forma referenciada, para que o texto a ser produzido tenha um nível de aprofundamento adequado (para além do senso comum) e contemple a sustentação das posições defendidas.

EM13LP31: Compreender criticamente textos de divulgação científica orais, escritos e multissemióticos de diferentes áreas do conhecimento, identificando sua organização tópica e a hierarquização das informações, identificando e descartando fontes não confiáveis e problematizando enfoques tendenciosos ou superficiais.

EM13LP38: Analisar os diferentes graus de parcialidade/imparcialidade (no limite, a não neutralidade) em textos noticiosos, comparando relatos de diferentes fontes e analisando o recorte feito de fatos/dados e os efeitos de sentido provocados pelas escolhas realizadas pelo autor do texto, de forma a manter uma atitude crítica diante dos textos jornalísticos e tornar-se consciente das escolhas feitas como produtor.

EM13LGG302: Posicionar-se criticamente diante de diversas visões de mundo presentes nos discursos em diferentes linguagens, levando em conta seus contextos de produção e de circulação.

EM13LGG303: Debater questões polêmicas de relevância social, analisando diferentes argumentos e opiniões, para formular, negociar e sustentar posições, frente à análise de perspectivas distintas.

EM13LP34: Produzir textos para a divulgação do conhecimento e de resultados de levantamentos e pesquisas – texto monográfico, ensaio, artigo de divulgação científica, verbete de enciclopédia (colaborativa ou não), infográfico (estático ou animado), relato de experimento, relatório, relatório multimidiático de campo, reportagem científica, podcast ou vlog científico, apresentações orais, seminários, comunicações em mesas redondas, mapas dinâmicos etc. –, considerando o contexto de produção e utilizando os conhecimentos sobre os gêneros de divulgação científica, de forma a engajar-se em processos significativos de socialização e divulgação do conhecimento.

EM13LGG702: Avaliar o impacto das tecnologias digitais da informação e comunicação (TDIC) na formação do sujeito e em suas práticas sociais, para fazer uso crítico dessa mídia em práticas de seleção, compreensão e produção de discursos em ambiente digital.

EM13LP43: Atuar de forma fundamentada, ética e crítica na produção e no compartilhamento de comentários, textos noticiosos e de opinião, memes, gifs, remixes variados etc. em redes sociais ou outros ambientes digitais.

Agora, vejamos como essa ideia poderia ser desenvolvida ao longo de 6 etapas e à luz do tema integrador Midiaeducação. Para a coordenação de um projeto como esse, podemos considerar o professor(a) de qualquer campo do saber: Química, Física ou Biologia.

ETAPA 1

Na primeira etapa, o professor(a) mediador propõe uma breve discussão sobre as Fake news, podendo incitar reflexões como: “por meio de quais mídias vocês (estudantes) se informam?”; “vocês as julgam confiáveis?”; “o que são Fake news?”; “vocês já foram influenciados por alguma notícia falsa ou repassaram alguma?”.

Neste momento, textos de jornais, revistas e dados estatísticos sobre o tema podem ser explorados com o intuito de levar os estudantes a pensarem nessa temática no campo da ciência: “quais as consequências desse fenômeno no campo da ciência?”; “como evitar que as pessoas tomem decisões baseadas em notícias falsas?”; “o que pode ser feito para verificar a veracidade dessas notícias com base nos conhecimentos científicos?”. É realizado, também, o levantamento dos conhecimentos prévios dos estudantes sobre as mudanças climáticas, sobretudo no contexto do que eles já ouviram falar sobre em diferentes mídias (tevê, internet etc.).

Conscientes das implicações das Fake news, especialmente quando estas adentram o campo da ciência, os estudantes conversam sobre os objetivos a serem atingidos e discutem sobre o produto final que será desenvolvido, apresentando ideias e possibilidades de trabalho com base nos seus conhecimentos prévios (sobre o assunto, sobre ferramentas digitais etc.).

ETAPA 2

Na etapa 2, os estudantes exploram, em grupo, materiais que abordam as mídias sociais como fontes de informação, os quais discutem o advento da internet e como ele provocou a migração da maior parte da informação produzida pela humanidade para essa rede.

Na sequência, realizam um levantamento das fontes pelas quais as informações chegam até eles, sendo convidados a averiguar a idoneidade delas: qual é a profissão das pessoas que produzem o conteúdo consumido? No caso da internet, as páginas acessadas apresentam elementos duvidosos, como links suspeitos e manchetes sensacionalistas?

Pelo menos duas fontes usadas por cada estudante devem ser separadas, para que eles possam, na etapa seguinte, caracterizá-las como confiável ou não. Para essa atividade, eles devem realizar uma pesquisa sobre as características de uma informação confiável, mas não devem, ainda, comparar as informações obtidas com as fontes utilizadas, pois essa tarefa será realizada por seus pares.

ETAPA 2

Na etapa 2, os estudantes exploram, em grupo, materiais que abordam as mídias sociais como fontes de informação, os quais discutem o advento da internet e como ele provocou a migração da maior parte da informação produzida pela humanidade para essa rede.

Na sequência, realizam um levantamento das fontes pelas quais as informações chegam até eles, sendo convidados a averiguar a idoneidade delas: qual é a profissão das pessoas que produzem o conteúdo consumido? No caso da internet, as páginas acessadas apresentam elementos duvidosos, como links suspeitos e manchetes sensacionalistas?

Pelo menos duas fontes usadas por cada estudante devem ser separadas, para que eles possam, na etapa seguinte, caracterizá-las como confiável ou não. Para essa atividade, eles devem realizar uma pesquisa sobre as características de uma informação confiável, mas não devem, ainda, comparar as informações obtidas com as fontes utilizadas, pois essa tarefa será realizada por seus pares.

ETAPA 3

Na etapa 3, o professor mediador realiza a apresentação do método científico, explorando suas etapas. Na sequência, discute com os estudantes sobre como ocorre a validação e a comunicação do conhecimento científico para a sociedade, podendo apresentar exemplos de revistas científicas famosas (nacionais e internacionais) e que veiculam frequentemente resultados de estudos sobre as mudanças climáticas.

Depois, com base no levantamento das fontes de informação presentes na vida dos estudantes e na pesquisa sobre as características das notícias confiáveis, os alunos devem verificar se os conteúdos consumidos por seus pares são confiáveis. Neste momento, sugere-se o apoio de dispositivos como celulares e tablets para a averiguação das informações.

Com base nos resultados, os pares devem discutir entre si os elementos que caracterizam uma fonte como confiável, auxiliando um ao outro na assimilação desse conteúdo. É interessante, também, que os pares produzam um infográfico resumindo as informações que eles obtiveram sobre como reconhecer uma informação idônea.

ETAPA 4

Na quarta etapa, o professor(a) coordenador fará uma intervenção explorando os conteúdos conceituais acerca do tema: análise da relação dos combustíveis fósseis com o efeito estufa e aquecimento global, interpretação de gráficos com dados sobre a variação da temperatura média anual em vários locais do mundo, entre outras abordagens.

Ele(a) também apresentará um histórico das discussões sobre o aquecimento global e sua correlação com a humanidade, explorando as diferenças entre consenso e controvérsia científica, que, quando apoderada por interesses econômicos e políticos, pode ser utilizada para deslegitimar saberes consolidados na comunidade científica há anos – ajudando a fomentar as Fake news acerca do assunto.

ETAPA 5

A quinta etapa consistirá na formação de grupos que reúnem 2 pares de alunos – preferencialmente as duplas que já trabalharam juntas na etapa 3 – para a realização de uma pesquisa sobre como as mudanças climáticas são tratadas nos meios de comunicação. Uma leitura crítica desses conteúdos será realizada, na qual se analisará aqueles que seguem o consenso científico, aqueles que contém os dois lados da questão (considera as mudanças climáticas, no entanto se mantém relativamente cético quanto suas consequências a curto prazo/relação direta com a humanidade) e aqueles que questionam o aquecimento.

Depois, deverão responder a si mesmos: é possível observar algum padrão nos conteúdos investigados? Comparativamente às mídias sociais, as reportagens de jornais e revistas (incluindo as de divulgação científica) apresentam mais consenso científico ou o senso comum? Por que isso acontece? Algum tipo de fonte apresentou apenas a versão contrária ao que diz a ciência? Se sim, por quê?

ETAPA 6

A etapa 6 será dedicada à produção do conteúdo digital informativo (blog ou podcast) que conte ao público o que foi encontrado, explicando os riscos causados pelas notícias falsas e esclarecendo esses temas baseando-se no consenso científico.

Como reflexão final, os estudantes trarão para seu público o seguinte questionamento: todo conteúdo midiático é construído com um propósito: comercial, educacional, governamental etc. Dados os criadores e o meio em que o conteúdo midiático sobre o tema foi encontrado, o que podemos saber sobre o motivo pelo qual ele foi criado ou compartilhado?

Para a produção dos materiais, os grupos contarão com o auxílio da internet e da mediação do professor(a) coordenador.

Querido professor(a), esperamos que tenha gostado do nosso conteúdo e, mais que isso, identificado nele inspirações para seu trabalho no Novo Ensino Médio.

Vale destacar que as dinâmicas aqui apresentadas não representam a complexidade de um projeto em sua totalidade, sendo estas simulações para que você tenha a oportunidade de se ambientar nessa nova metodologia proposta pelo PNLD.

Antes de ir embora, conte para a gente: quais metodologias ativas você identificou ao longo das etapas desse projeto? Confira a resposta mais abaixo.

Obrigada por permanecer conosco e até a próxima.

Etapa 1 - Brainstorming
Etapa 2 - Sala de aula invertida
Etapa 3 - Aprendizagem por pares

BEVORT, E.; BELLONI, M. L. Mídia-educação: conceitos, histórias e perspectivas. Educ. Soc., v. 30, n. 109, p. 1081-1102, 2009. Disponível em: . Acesso em: 26 ago. 2020.

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2018.

GRIZZLE, A. et al. Alfabetização midiática e informacional: diretrizes para a formulação de políticas e estratégias. Unesco, 2016. Disponível em: . Acesso em: 28 ago. 2020.

Ciências Humanas e Sociais Aplicadas

Olá, professor(a)!

Abordaremos ao longo deste módulo a Aprendizagem Baseada em Projetos no campo de conhecimento das Ciências Humanas e Sociais Aplicadas.

Você compreenderá como o trabalho com as obras de Projetos Integradores efetiva as exigências previstas pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

A primeiro momento, uma retomada dos aspectos mais importantes da BNCC será feita para que a contextualização sobre este novo tipo de material fique clara. Depois, retomaremos os princípios pedagógicos de base da ABP para compreender como estes articulam-se dentro da área de saber de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. Para exemplificar os pontos discutidos, o módulo se encerra com um modelo de projeto que segue as determinações do edital do PNLD 2020.

Temos a intenção de fornecer a você as ferramentas necessárias para propor em sala de aula atividades dinâmicas, integradas e ricas em recursos pedagógicos, que auxiliarão na formação crítica dos alunos. Por meio da elucidação das novas propostas de ensino, esperamos que adquira ideias e novas práticas metodológicas a fim de facilitar o seu trabalho.

A área de Ciências Humanas tem como objetivo integrar Filosofia, Geografia, História e Sociologia aprofundando o conteúdo adquirido pelos alunos no Ensino Fundamental. O compromisso com a ética serve de base para todas as propostas educativas, e se torna evidente quando lança luz à justiça, solidariedade, autonomia, liberdade de pensamento e de escolha.

Objetiva-se desenvolver as noções previamente adquiridas através da História e da Geografia nos anos anteriores, integrando-as e as contextualizando com a realidade da comunidade escolar. Conhecimentos como a temporalidade, espacialidade, ambiente e diversidade (de raça, religião, tradições étnicas etc.), modos de organização da sociedade e relações de produção, trabalho e poder, servem de base para propostas mais abrangentes serem feitas, uma vez que os estudantes possuem variadas ferramentas para compreender os temas discutidos durante o Ensino Médio.

Vale ainda ressaltar o protagonismo juvenil como o resultado da implementação da BNCC, já que o aluno se vê como agente de todos os processos. Essa prática busca romper com a sala de aula tradicional, onde as hierarquias entre docentes e discentes era preestabelecida, o que impossibilitava os diálogos e aprendizados amplos.

Já na prática, a BNCC organiza os temas concernentes às Ciências Humanas Sociais e Aplicadas através das seguintes categorias:

Tempo e espaço: o propósito é a identificação das continuidades e rupturas vivenciadas pela sociedade. Por meio da elucidação do que é o espaço, e como ele é formado, as percepções sobre o tempo que ultrapassa uma ordem cronológica podem ser formadas pelos alunos.

Territórios e Fronteiras: a partir dos conceitos geográficos previamente trabalhados em sala de aula durante o Ensino Fundamental, torna-se possível ao estudante compreender os processos históricos e culturais na formação dos territórios e das fronteiras ao redor do mundo.

Indivíduo, Natureza, Sociedade, cultura e Ética: a fim de seguir os preceitos da teoria socrática a respeito da natureza humana, intenciona-se sistematizar as questões sobre o que é ser humano, buscando respostas na metafísica apurada pela filosofia. Ao somá-las às necessidades de subsistência e à relação estabelecida com o meio natural pelas sociedades, é possível compreender as diferentes culturas, percepções da vida, e relações com a natureza que os diversos povos e nações cultivam a fim de garantir suas existências.

Política e trabalho: ocupando categorias importantes nas relações entre os indivíduos e entre o meio natural, as políticas determinam a inserção de cada ser humano em uma conjuntura social, pressupondo a integridade dos seus direitos cidadãos, além de serem as responsáveis por definirem o funcionamento de diferentes povos e nações. Já o trabalho é, em sua gênese, compreendido como o elemento essencial na modificação do meio natural. O ser humano, ao alterar as paisagens a fim de garantir a sua existência, trabalha de acordo com as concepções culturais preestabelecidas pela sociedade em que vive.

Neste contexto, os Projetos Integradores surgem para viabilizar as novas exigências da Base ao fornecer a você, professor(a), variados recursos. Você será capaz de pôr em prática as metodologias ativas e a interdisciplinaridade de acordo com a formulação do campo de saber de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, como foi elucidada até aqui.

O que se busca trabalhar a partir da APB em Ciências Humanas são as categorias de tempo e espaço de modo indissociável, para permitir a compreensão das transformações socioespaciais ao longo da história. Por meio de uma análise contextual, comparativa e relacional das formas de produção, é possível estabelecer conhecimento acerca da organização e valorização do espaço por grupos sociais e culturais diversos.

Os quatro temas integradores (STEAM, Protagonismo juvenil, Midiaeducação, Mediação de conflitos) proporcionam meios práticos para que os alunos discutam, utilizem diferentes tecnologias, comuniquem e exponham seus trabalhos. Assim, são constantemente os protagonistas do processo de composição do produto final, que, ao ser compreendido na área de saber das Ciências Humanas, permite o diálogo empático, ético e engajado.

A seguir, veremos como o uso de diferentes ferramentas pedagógicas auxiliam no engajamento dos alunos para compor um Projeto!

Chegamos na última parte deste módulo! Aqui compreenderemos um exemplo de projeto na área das Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. Ele propõe a produção de curtas pelos alunos, que serão posteriormente hospedados em um blog ou em qualquer outra plataforma de fácil acesso pela comunidade escolar.

O tema é ideias para o futuro da sociedade. Com base na percepção do presente e do passado, além de considerar os diferentes povos e culturas e as relações que a humanidade vem estabelecendo com a natureza, os estudantes poderão utilizar diferentes formas de narrativa para compor os vídeos (entrevistas, depoimentos próprios, encenação etc.)

O projeto é composto por 6 etapas, e o professor pode dividi-las de acordo com o cronograma escolar e com o tempo que achar apropriado. Ao fim, como avaliação, as curtas serão exibidas em um evento para a comunidade escolar.

Etapa 1: Discussão sobre o tema

Essa etapa pode ser compreendida em duas partes:

Na primeira, são discutidas em sala de aula as percepções que os estudantes têm sobre o futuro. O professor deve mediar o diálogo buscando extrair o máximo de informações a respeito de uma ideia social e comum a todos, que estejam ligadas ao meio ambiente, ao cotidiano, e a economia.

Já na segunda, algumas notícias sobre o uso de tecnologias, avanços da ciência e as consequências de uma intensa industrialização serão levantadas. Os materiais se encarregam de fornecer textos base ancorados nesses assuntos.

Etapa 2: Diferentes culturas e percepções sobre o futuro

Nesta etapa, serão expostas as diversas culturas e como elas lidam hoje com o funcionamento da economia e das políticas globais. O enfoque será dado nos povos tradicionais e como a globalização interfere diretamente em suas vidas.

A seguir está a fala de um líder indígena com grande importância no atual cenário, tanto acadêmico como político, Ailton Krenak, sobre os povos indígenas e sobre indagações acerca de um futuro comum.

Etapa 3: O que é distopia?

A ideia é colocar os alunos em contato com as previsões feitas por autores através de filmes ou livros sobre o futuro da humanidade.

O professor inicia o debate perguntando se os alunos já assistiram a Matrix, V de Vingança, Jogos Vorazes, Mad Max, ou qualquer outro filme que aborde noções de um futuro distópico. A partir deles, identificar quais são os fatores que sustentam essas distopias, e elencar quais foram as falhas estruturais usadas pelos autores para compor as obras (se foi o mal uso do meio ambiente, ou dos regimes políticos, ou ainda, da falta de ética nas relações sociais). O professor pode sugerir as distopias como uma possibilidade o gênero narrativo na feitura do produto final.

Etapa 4: Mobilização e roteirização

Os grupos para compor os vídeos devem ser formados. O professor deve orientar os alunos sobre quais serão os assuntos que desejam abordar, roteirizar as cenas, os recursos que serão usados e quais as ideias principais que desejam transmitir.

Os grupos devem escolher um tema social que se identificaram ao longo das discussões feitas nas etapas anteriores, e trabalhá-lo no curta. Sugestões: a questão ambiental, social, preconceitos, pluralidade de culturas, uso de tecnologias, governos.

Etapa 5: Criação do ambiente virtual e filmagens

Nesta etapa, a classe deve decidir em conjunto onde gostariam de hospedar os conteúdos. Se uma página em redes sociais ou um blog serão mais bem aproveitados e acessados por todos.

Depois, o processo de filmagens e envio dos vídeos à plataforma será feito. Aqui, cabe ressaltar que os vídeos podem ter curta duração e podem ou não passar por processos de edição por parte dos alunos. O professor deve mediar o processo prático, e instigar a sala a participar da confecção da página virtual.

Etapa final: exposição dos conteúdos à comunidade escolar

A etapa de fechamento do projeto consiste em uma integração com a comunidade escolar ao expor os trabalhos dos alunos. A instituição de ensino pode promover o encontro com familiares e outras turmas para assistirem o conteúdo exposto pelos alunos na página de divulgação criada.

Depois das exposições dos vídeos, os alunos devem ser estimulados a justificarem o trabalho, e propor um diálogo com o restante da comunidade acerca das ideias que conceberam em relação ao futuro comum a todos.

Caro(a) professor(a),

Esperamos ter elucidado o trabalho com os Projetos Integradores no campo das Ciências Humanas. Com os novos desafios impostos pela estruturação do Ensino Médio, estaremos à disposição para entregar a você as melhores formas para trabalhar com os métodos pedagógicos em consonância com BNCC.

Agradecemos por sua atenção, e bons estudos!

Linguagens e suas tecnologias

Olá, professor(a)!

Nessa parte do módulo 4, explanaremos melhor o trabalho com projetos na área de Linguagens e suas tecnologias.

Esse curso se dividirá em três partes:

  • Parte 1: Linguagens e suas tecnologias na BNCC
  • Parte 2: Como cada componente curricular pode ser trabalhado nos projetos integradores
  • Parte 3: Protótipo de um projeto!

O curso tem por objetivo discutir e refletir sobre as possibilidades que essa área do conhecimento fornece para a construção de projetos. Esperamos que, ao final do curso, vocês estejam mais preparados para repensar as novas propostas de ensino e aprendizagem ofertadas pela pedagogia de projetos.

Vamos lá?

A área de Linguagens e suas tecnologias engloba quatro componentes curriculares:

Arte, Educação Física, Língua Portuguesa e Língua Inglesa

O trabalho com os projetos integradores vai de encontro às Competências e Habilidades trabalhadas nessa área do conhecimento, a fim de ampliar e consolidar as aprendizagens propostas. Para relembrar as Competências Específicas e Habilidades da área de Linguagens e suas tecnologias, clique aqui.

No Ensino Médio, a área de Linguagens e suas tecnologias se debruça nos seguintes âmbitos:

A fim de definir o que é Linguagem, termo tão amplo e complexo, Marcos Bagno (2014) traz duas definições diferentes (mas que se completam), que iremos usar para nortear as reflexões sobre o trabalho com projetos na área de Linguagens: a primeira, como sendo uma “faculdade cognitiva exclusiva da espécie humana que permite a cada indivíduo representar e expressar simbolicamente sua experiência de vida, assim como adquirir, processar, produzir e transmitir conhecimento” (BAGNO, 2014, p. 58); e a segunda como: “todo e qualquer sistema de signos empregados pelos seres humanos na produção de sentido, isto é, para expressar sua faculdade de representação da experiência e do conhecimento.” (BAGNO, 2014, p. 58).

Dessa maneira, é nítido como a área de Linguagens e suas tecnologias é importante no papel de oportunizar que os alunos se expressem como indivíduos no mundo. E essa expressão pode vir de diversas formas, que são englobadas por cada um dos componentes curriculares da área de Linguagens e que, na construção dos projetos, se interlaçam.

A fim de integrar de maneira mais concreta os componentes curriculares, a BNCC define cinco campos de atuação social nessa área do conhecimento:

A consolidação desses campos, assim como a matriz de Competências e Habilidades da área de Linguagens e suas Tecnologias, auxilia no processo de interdisciplinaridade na construção dos projetos integradores.

Agora que já compreendemos um pouco mais sobre essa área do conhecimento, que tal entendermos um pouco mais sobre as possibilidades de construção de projetos a partir desses componentes curriculares?

Agora, com uma breve explanação sobre o que cada componente curricular trabalha, poderemos entender as potencialidades de cada um na construção dos projetos.

No componente curricular Arte, no Ensino Médio, os alunos têm a possibilidade de acessar diversas manifestações artísticas e culturais, tanto como apreciadores críticos como criadores, sabendo que esse componente curricular utiliza de poéticas como forma de autoconhecimento e de conhecimento do mundo.

São diversas as manifestações culturais que os alunos poderão ter contato de forma crítica e reflexiva, como exposições, concertos, apresentações musicais e de danças, peças dramáticas, obras literárias etc. Esse contato deverá colocar os alunos como protagonistas, dando a eles o papel de curadores, artistas ou criadores.

A mesma percepção de autoconhecimento e conhecimento do outro se dá no componente curricular Educação Física, só que integrado ao autocuidado com o corpo e com a saúde, explorando práticas corporais e socialização.

Nesse componente curricular, jogos e brincadeiras são atividades que podem ser desenvolvidas a fim de estimular a utilização do espaço público para o desenvolvimento de atividades práticas corporais, exercitando também a cidadania.

O componente curricular Língua Inglesa, levando em consideração que essa é a língua considerada mundial, os alunos, ao estudarem não somente elementos gramaticais, mas também aprofundando sua compreensão sobre o mundo, têm sua capacidade discursiva exercitada, em diferentes âmbitos.

O inglês é tratado por também ser considerado uma língua presente na cultura dos jovens. Dessa maneira, a Língua Inglesa fornece o contato mais crítico e significativo com o mundo digital e o multiletramento.

O componente curricular Língua Portuguesa propõe a exploração das práticas discursivas em diferentes mídias e linguagens. Além disso, evidencia a importância da reflexão crítica quanto a produção e distribuição de conteúdo em plataformas digitais.

O estudo da Língua Portuguesa em projetos busca explorar as potencialidades da língua e, consequentemente, do acesso à informação. No que concerne à literatura, o componente curricular no Ensino Médio tende a ampliar o repertório dos alunos, levando em consideração a diversidade cultural e diversas expressões literárias.

Chegamos, então, na última parte do módulo! Aqui, apresentaremos um protótipo de um projeto na área de Linguagens e suas tecnologias.

Consideremos, então, o seguinte projeto:

Tema: Preconceito Linguístico
Professor Coordenado: Língua Portuguesa
Professores participantes do projeto: Arte. Língua Inglesa e Geografia
Tema Integrador: Midia Educação Temas Contemporâneos Transversais: Multiculturalismo e Cidadania e Civismo
Produtos Parciais: Resenha, artigo, texto dissertativo-argumentativo
Produto final: E--book

Objetivo: O projeto tem por objetivo conceituar o preconceito linguístico a partir de representações literárias e audiovisuais do fenômeno, assim como de pesquisas, análises e levantamento de hipóteses.

Justificativa: Sabendo que, até pouco anos atrás, o conceito de Preconceito Linguístico era pouco ou nada explorado em sala de aula, o projeto tem por objetivo ofertar a oportunidade que os alunos entendam o conceito e vislumbrem de que maneira o fenômeno sempre esteve presente em nosso cotidiano, a partir de análises literárias e cinematográficas e de pesquisas.

Etapa 1 (2 aulas)

Na primeira etapa, o professor de Língua Portuguesa deve entender qual é o conhecimento prévio que os alunos já detêm acerca do tema Preconceito Linguístico. Após isso, deve-se levantar algumas questões importantes, que instiguem os discentes, como:

1. De onde vem esse preconceito? Por que ele é perpetuado? 2. Por que quando ligamos a tv, normalmente ouvimos só um sotaque nos noticiários, novelas etc? 3. Vocês já se depararam com algum episódio de preconceito com algum sotaque ou dialeto?

É importante que o professor levante o máximo de indagações possíveis para despertar a curiosidade do alunado.

Etapa 2 (1 aulas)

Nessa etapa, os grupos serão divididos e o produto final será explicitado – podendo ser modificado, se assim for da vontade dos alunos.

A fim de produzir um e-book sobre Preconceito Linguístico, cada grupo irá construir um produto parcial diferente, baseado no conteúdo audiovisual que eles conhecerão:

O primeiro, um texto dissertativo-argumentativo sobre Preconceito Linguístico a partir da entrevista do linguista Marcos Bagno, sendo guiados pelo professor de Língua Portuguesa e Geografia.

O segundo, um artigo sobre o preconceito linguístico na obra Vidas Secas, sendo guiados pelo professor de Língua Portuguesa.

O terceiro, uma resenha sobre o filme My Fair Lady, sendo auxiliados pelo professor de Língua Inglesa.

Após a confecção de todos os materiais, haverá uma roda de debate, com a apresentação do material de cada grupo e troca de ideias acerca das reflexões que cada um teve sobre o assunto.

Esse material será disponibilizado na internet em forma de e-book.

Etapa 3 (2 aulas)

Nessa etapa, os alunos assistirão a entrevista do linguista Marcos Bagno dada a UFSCAR, em que ele explicita o que é o fenômeno do preconceito linguístico:

A proposta é que os alunos entendam melhor o conceito através de uma explanação de um especialista e que o professor de Língua Portuguesa conduza um debate acerca do assunto. Aqui, é interessante que o professor integre os conceitos derivados do tema, como Variação linguística histórica, Regional e Social com o conceito de Regionalização do Brasil, abrindo espaço ao professor de Geografia.

É solicitado, então, que um dos grupos produza um texto dissertativo-argumentativo acerca do tema e dos debates feitos durante a aula.

Etapa 4 (2 aulas)

Nessa etapa, o professor de Língua Portuguesa poderá propor a leitura de Vidas Secas de Graciliano Ramos; mais especificamente, do Capítulo 11 – Soldado Amarelo.

A partir da leitura em voz alta feita pelos alunos, o professor conduzirá um debate acerca do episódio retratado no livro.

Um dos grupos deverá escrever um artigo (pensamos em mínimo de 3 páginas e máximo de 5) entrelaçando os estudos sobre o preconceito linguístico da etapa 3 com o capítulo lido.

Etapa 5 (2 aulas)

Com o intuito de demonstrar de que maneira o do preconceito linguístico é um fenômeno presente não só no Brasil, mas no mundo inteiro, os alunos assistirão à obra My Fair Lady de George Cukor.

O professor de Língua Inglesa poderá levantar um debate sobre o filme, demonstrando de que maneira o fenômeno está presente na obra.

Um dos grupos poderá escrever uma resenha sobre o filme, tendo como base a exploração do preconceito linguístico exposto na peça.

Etapa 6 (2 aulas)

Nessa etapa, o professor de Língua Portuguesa poderá formar uma roda de conversa para que os alunos leiam em voz alta as produções textuais. É de extrema importância que todos os alunos se manifestem, explicitando quais foram suas contribuições e reflexões durante a construção dos produtos parciais.

Etapa 7

Na última etapa, todas as produções serão compiladas num e-book, que será disponibilizado na internet para leitura.

Caro(a) professor(a),

Após as reflexões explicitadas, esperamos que o curso tenha sido proveitoso para a explanação sobre o trabalho com projetos na área de Linguagens e suas tecnologias.

Bons estudos!

BAGNO, Marcos. Língua, linguagem, linguística: pondo os pingos nos ii. São Paulo: Parábola Editorial, 2014.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Base Nacional Comum Curricular: Ensino Médio. Brasília: MEC/ Secretaria de Educação Básica, 2018.

Matemática e suas Tecnologias

“A Matemática apresenta invenções tão sutis que poderão servir não só para satisfazer os curiosos como, também para auxiliar as artes e poupar trabalho aos homens”. (Descartes)

Caro (a) professor (a),

Este módulo tem como objetivo discutir propostas de ensino e aprendizagem para a área de Matemática e suas Tecnologias no contexto da BNCC e articular essas ideias ao desenvolvimento da pedagogia de projetos e metodologias ativas em sala de aula.

Para isso, a discussão será feita em torno de alguns tópicos já estudados anteriormente, esclarecendo as possibilidades de trabalho para área do conhecimento. Esperamos que essa seja uma oportunidade para os professores refletirem sobre as novidades curriculares e se inspirarem a pensar novas possibilidades de trabalho.

Para sair um pouco da abstração, será apresentado um exemplo de projeto estruturado nos moldes sugeridos pelos editais do PNLD, isto é, que se organiza, essencialmente, da mesma forma que os projetos que devem integrar os livros didáticos de Projetos Integradores para o Ensino Médio.

O módulo se organiza da seguinte forma:

  • Matemática e suas Tecnologias na BNCC
  • Possibilidades de trabalho com projetos integradores no Ensino de Matemática
  • Na prática: explorando a estrutura e a organização de um projeto

A área de Matemática e suas Tecnologias na BNCC é composta apenas pelo componente curricular Matemática. Apesar de ser exclusivo na área do conhecimento, o estudo do componente no Ensino Médio inclui, além das unidades de conhecimento da própria área (números, álgebra, geometria, grandezas e medidas e probabilidade e estatística), conteúdos, habilidades e competências relacionadas a outras áreas do conhecimento, de forma a promover integração entre elas e explorar as potencialidades dos conteúdos e conceitos matemáticos no dia a dia dos estudantes.

O objetivo da área é focar na construção de uma visão integrada da Matemática, aplicada às vivências cotidianas dos estudantes do Ensino Médio, considerando suas condições socioeconômicas, os avanços tecnológicos, as exigências do mercado de trabalho, a potencialidade das mídias sociais etc., de forma a ampliar e aprofundar as aprendizagens desenvolvidas durante o Ensino Fundamental. O potencial já constituído na etapa anterior deve ser aproveitado para:

  • promover ações que estimulem e provoquem processos de reflexão e abstração por parte dos estudantes;
  • dar sustentação aos modos de pensar criativos, analíticos, dedutivos e sistêmicos;
  • favorecer a tomada de decisões orientadas pela ética e pelo bem comum.

No contexto da Matemática, as competências devem ser mobilizadas para o desenvolvimento de habilidades relativas aos processos de investigação, construção de modelos e resolução de problemas, a partir das práticas de raciocinar, representar, comunicar e argumentar:

De forma a promover integração e a devida correlação entre os campos e conhecimentos matemáticos, deve-se desenvolver um conjunto de pares de ideias fundamentais que produzem essas articulações necessárias para o desenvolvimento do pensamento matemático. São eles:

  • Variação e constância, que envolve observar, imaginar, abstrair, discernir e reconhecer características comuns e diferentes ou o que mudou e o que permaneceu invariante, expressar e representar padrões, generalizando-os.
  • Certeza e incerteza, normalmente associado ao estudo de fenômenos aleatórios, à obtenção de medidas no mundo físico, a estimativas, análises e inferências estatísticas etc., para que o aluno possa expressar e demonstrar certezas e incertezas, indicando e reconhecendo seus limites e imaginar, criar e cogitar extrapolação desses limites.
  • Movimento e posição presentes na localização de números em retas, figuras ou configurações no plano cartesiano e no espaço tridimensional, promovendo o desenvolvimento dessas noções a partir de atividades investigativas e percebendo a importância deste conhecimento o desenvolvimento e funcionamento de tecnologias, por exemplo.
  • Relações e inter-relações, que estão presentes em muitas situações reais nas quais a Matemática se aplica, como em problemas que envolvem a proporcionalidade entre duas ou mais grandezas que tratam da interdependência entre grandezas, que promovem a ampliação de significado aos tópicos matemáticos e propiciam acesso à matemática estrutural.

Considerando os pressupostos da BNCC, o desafio é proporcionar aos estudantes a visão de que a Matemática não é um conjunto de regras e técnicas, mas faz parte da nossa cultura e da nossa história, tendo como objetivo que o letramento matemático dos estudantes se torne ainda mais denso e eficiente.

Nessa perspectiva, as metodologias ativas e a pedagogia de projetos vão de encontro às propostas da BNCC por integrarem os conhecimentos e conteúdos matemáticos à abordagem cotidiana, significativa para a realidade dos estudantes. Também é relevante a contribuição dessas mudanças para a formação cidadã dos alunos, desenvolvida principalmente ao permitir que os estudantes utilizem os conhecimentos adquiridos para compreender a realidade e propor ações de intervenção para modificá-la.

Questões importantes da área de Matemática no trabalho com Projetos integradores

Para pensar sobre como inserir a Matemática em projetos integradores, em diálogo com as outras áreas do conhecimento, cabe sintetizar as diversas possibilidades que esse componente curricular traz para a sala de aula.

A partir da construção de Skovsmose (2000), apresenta-se uma matriz com seis diferentes tipos de ambientes de aprendizagem, que combina três tipos de referência à Matemática com dois paradigmas de práticas de sala de aula:

Quadro 1 – Síntese das possibilidades de ambientes de aprendizagem em Matemática

Referências Paradigma do exercício Cenários para investigação
Matemática pura 1. Tradicional
Exemplo: Resolver uma expressão numérica ou algébrica.
2. Investigativo
Exemplo: Verificar regularidades em uma tabela de números.
Semirrealidade 3. Tradicional
Exemplo: A resolução de um problema sem que se tenha feito alguma investigação empírica sobre a maneira como os dados do problema aparecem no cotidiano.
4. Investigativo
Exemplo: A semirrealidade é usada como um recurso para a produção de exercícios: é um convite para que os alunos façam explorações e formulem explicações, como a análise dos resultados de um jogo para tirar conclusões sobre o cálculo de probabilidade de determinado evento.
Mundo real 5. Tradicional/Investigativo
Exemplo: Exercícios baseados na realidade, como os diagramas representando níveis de desemprego, que podem ser apresentados como parte do exercício e, com base neles, podem ser elaboradas questões sobre empregabilidade com relação a determinados períodos, países diferentes etc.
6. Investigativo
Exemplo: Projeto Energia, relacionando a quantidade de energia presente em certos tipos de café da manhã à quantidade de energia gasta durante determinada corrida de bicicleta, e que os alunos desenvolvem um método para calcular input-output a energia nessa prática esportiva.

O trabalho desenvolvido nos Projetos Integradores dialoga com os contextos identificados na última linha, que associam aspectos do mundo real dos estudantes com uma prática investigativa. Esse aspecto dialoga com interdisciplinaridades a fim de promover um contexto significativo para a abordagem dos conhecimentos.

Para planejar e colocar em prática um projeto integrador, o ambiente de aprendizagem deve se alternar entre os diferentes modelos apresentados nessa matriz. O caminho eficaz para a prática dos projetos deve responder às questões:

  • Que ambientes de aprendizagem experimentaremos durante a prática do projeto?
  • Todo o tempo do projeto será ocupado com um ou dois ambientes? Por quê?
  • Em qual ambiente podemos proporcionar experiências com mais sucesso para a prática do projeto?
  • Algum movimento de um ambiente para outro pode causar dificuldade?

Essas questões, ao serem respondidas na fase de planejamento, facilitam a organização e a tomada de decisões em relação aos conteúdos que farão parte do curso, para que se tenha carga horária disponível para a prática de projetos, entre outras preocupações.

A interdisciplinaridade e a integração em projetos

Os processos interdisciplinares permitem a resolução de dois problemas centrais do ensino que muito afligem professores e alunos: a fragmentação dos conteúdos em componentes curriculares e o estudo de fenômenos da realidade que, na forma tradicional do ensino escolar, não podem ser estudados em uma só disciplina.

Um projeto integrador é flexível, possibilitando que os professores envolvidos tomem para si os conhecimentos que são de outros componentes curriculares, sem a necessidade que os outros professores estejam necessariamente no mesmo passo. É claro que existe a necessidade de um firme planejamento e que um ou alguns professores se envolvam na tarefa de ser um mediador do projeto.

O Ensino de Matemática preconizado para o Ensino Médio pela BNCC convida o professor a trazer todos os outros componentes curriculares para sala de aula, uma vez que a proposta é dar sentido matemático ao estudo de diversos fenômenos cotidianos, que passam por conteúdos de História, Geografia, Física, Biologia etc.

Adaptando-se às propostas da BNCC, as escolas públicas de Ensino Médio cadastradas no PNLD devem, em breve, realizar a escolha e receber os livros de Projetos Integradores. Como mencionado anteriormente, os livros se organizam por áreas do conhecimento. Como vimos anteriormente, a proposta para a área de Matemática e suas Tecnologias é promover integração com outras áreas do conhecimento.

Com o objetivo de explorar alguns aspectos da proposta dos Projetos Integradores, apresentaremos um modelo de projeto de Matemática e suas Tecnologias sobre energias renováveis.

Tema do projeto: Energias renováveis no cotidiano: uma possibilidade?

Energias renováveis é um tema amplo que pode ser um caminho para integrar a Matemática com as áreas de Ciências da Natureza e suas Tecnologias, Ciências Humanas e suas Tecnologias e Linguagens e suas Tecnologias.

A discussão do tema pode ser realizada a partir de dados e informações sobre acesso à energia elétrica no Brasil. Neste projeto, propõe-se que o aluno estude, descubra e se aproprie de informações sobre energias renováveis e iniciativas que visam levar dispositivos de captação de energias renováveis para expandir o acesso à energia elétrica de forma mais sustentável e com menos impacto ambiental do que a energia gerada nas hidrelétricas e termelétricas. Os objetivos gerais do projeto são:

  • Conhecer os tipos de energias renováveis, saber diferenciá-las e em quais contextos o uso delas é mais adequado;
  • Reconhecer as vantagens financeiras e ambientais do uso de energias renováveis, identificando também suas limitações;
  • Informar a população sobre os benefícios das energias renováveis para o meio ambiente, explicando de que forma a redução dos impactos ambientais pode beneficiar a comunidade, além de redução de custos financeiros.

Organização do projeto

O projeto se organiza em quatro etapas, sendo que em cada uma delas os estudantes têm a oportunidade de desenvolver tanto habilidades e conhecimentos específicos para o cumprimento da etapa em si quanto construindo ideias, conceitos e conhecimentos estruturantes do projeto como um todo. Além disso, o trabalho contribui para o espírito investigativo dos estudantes e propõe que o estudante exercite habilidades relacionadas ao trabalho em grupo, a empatia, a mediação de conflitos, o protagonismo juvenil e o empreendedorismo.

A avaliação da aprendizagem deve ser feita de forma contínua, considerando, além das entregas e da qualidade da atividade final, diversas dimensões da atuação dos estudantes, como organização, trabalho em equipe, respeito pelas diferenças etc.

O quadro-síntese abaixo descreve os objetivos, atividades, metodologias ativas e conceitos matemáticos que estão envolvidos em cada uma das etapas do projeto.

O projeto envolve, além da matemática, as áreas de Ciências da Natureza e suas Tecnologias e Linguagens e suas Tecnologias. Os seguintes conhecimentos e habilidades são desenvolvidos em cada uma delas:

Matemática e suas Tecnologias

Conteúdos
  • Leitura e interpretação de gráficos e tabelas
  • Porcentagem
  • Estatística
  • Construção de modelos
  • Manipulação de grandezas
  • Estimativas
Habilidades

(EM13CNT101) Analisar e representar as transformações e conservações em sistemas que envolvam quantidade de matéria, de energia e de movimento para realizar previsões em situações cotidianas e processos produtivos que priorizem o uso racional dos recursos naturais.

(EM13CNT102) Realizar previsões, avaliar intervenções e/ou construir protótipos de sistemas térmicos que visem à sustentabilidade, com base na análise dos efeitos das variáveis termodinâmicas e da composição dos sistemas naturais e tecnológicos.

(EM13CNT106) Avaliar tecnologias e possíveis soluções para as demandas que envolvem a geração, o transporte, a distribuição e o consumo de energia elétrica, considerando a disponibilidade de recursos, a eficiência energética, a relação custo/ benefício, as características geográficas e ambientais, a produção de resíduos e os impactos socioambientais.

Linguagens e suas Tecnologias

Conteúdos
  • Leitura e construção de significado a partir de informações matemáticas
  • Divulgação científica
  • Estatística
  • Comunicação
Habilidades

(EM13LGG104) Utilizar as diferentes linguagens, levando em conta seus funcionamentos, para a compreensão e produção de textos e discursos em diversos campos de atuação social.

(EM13LGG301) Participar de processos de produção individual e colaborativa em diferentes linguagens (artísticas, corporais e verbais), levando em conta seus funcionamentos, para produzir sentidos em diferentes contextos.

(EM13LGG402) Empregar, nas interações sociais, a variedade e o estilo de língua adequados à situação comunicativa, ao(s) interlocutor(es) e ao gênero do discurso, respeitando os usos das línguas por esse(s) interlocutor(es) e combatendo situações de preconceito linguístico.

(EM13LGG704) Apropriar-se criticamente de processos de pesquisa e busca de informação, por meio de ferramentas e dos novos formatos de produção e distribuição do conhecimento na cultura de rede.

Habilidades de Língua Portuguesa

(EM13LP30) Compreender criticamente textos de divulgação científica orais, escritos e multissemióticos de diferentes áreas do conhecimento, identificando sua organização tópica e a hierarquização das informações, questionando fontes não confiáveis e problematizando enfoques tendenciosos ou superficiais.

(EM13LP33) Produzir textos para a divulgação do conhecimento e de resultados de levantamentos e pesquisas – texto monográfico, ensaio, artigo de divulgação científica, verbete de enciclopédia (colaborativa ou não), infográfico (estático ou animado), relato de experimento, relatório, relatório multimidiático de campo, reportagem científica, podcast ou vlog científico, apresentações orais, seminários, comunicações em mesas redondas, mapas dinâmicos etc. –, considerando o contexto de produção e utilizando os conhecimentos sobre os gêneros de divulgação científica, de forma a engajar-se em processos significativos de socialização e divulgação do conhecimento.

Etapa 1:

Duração estimada: 2 aulas + atividade complementar (atividade para casa, por exemplo)

A primeira etapa do projeto é uma introdução ao tema, que envolve a contextualização do assunto, o levantamento dos conhecimentos prévios e a construção de uma ideia básica sobre o assunto.

Essa primeira aproximação pode partir de notícias, reportagens, vídeos, leitura de artigos científicos, entre outras atividades. A ideia é que o professor apresente para os estudantes algum material que desperte o olhar para o tema principal que se deseja abordar no projeto. Em um segundo momento, é interessante que o estudante tenha um momento autônomo de pesquisa e estudo com o objetivo de construir algum conhecimento sobre o tema. Nesse sentido se insere a metodologia ativa sugerida para a etapa: o ensino híbrido.

Os conceitos matemáticos envolvidos na etapa são tabelas e gráficos (leitura e interpretação de informações a partir de tabelas e gráficos) e porcentagem. Como o momento é para reunir informações sobre o assunto, é importante ter contato com os dados sobre a matriz energética brasileira, acesso a energia elétrica no Brasil e consumo domiciliar de energia, por exemplo.

Etapa 2:

Duração estimada: 3 a 4 aulas

Na segunda etapa sugere-se que os estudantes, em grupos, elaborem um questionário para entrevistar amigos, familiares e moradores de seus bairros para levantar informações sobre quais são os conhecimentos dos entrevistados sobre energia. É possível construir questões sobre distribuição e acesso à energia elétrica em suas cidades e bairros, preço da energia elétrica distribuída pelas companhias, conhecimentos sobre energias renováveis e sobre os impactos ambientais gerados pela construção de usinas hidrelétricas, por exemplo.

A partir dos dados obtidos, os estudantes devem construir estatísticas e realizar uma análise dos dados, que lhes permitam entender quais são os tópicos mais ou menos conhecidos pelos entrevistados. As informações mais relevantes sobre o levantamento de dados devem ser registradas e podem ser utilizadas posteriormente. As metodologias ativas envolvidas nesta etapa são a aprendizagem por pares e sala de aula invertida. É interessante que essa etapa seja desenvolvida em grupo para aumentar a quantidade de entrevistados, por exemplo. O momento de sala de aula invertida será, por exemplo, o momento em que os alunos farão as entrevistas. Esse é um momento de coleta de informações de preparação para as próximas aulas, onde devem reunir suas contribuições às contribuições de seus colegas de grupo.

Os conceitos matemáticos abordados nesta etapa são a estatística, análise e construção de gráficos e tabelas. A partir dos dados coletados em entrevistas, os estudantes terão oportunidade de construir uma análise estatística desses dados, o que pode ser feito, inclusive, a partir da utilização de aplicativos e softwares.

Etapa 3:

Duração estimada: 4 aulas

A terceira etapa envolve uma atuação prática dos estudantes, a partir da construção de modelos matemáticos e potótipos, com o objetivo de explicar como funciona uma das formas de obtenção de energia renovável a partir da luz solar e calculando ganho e gastos envolvidos.

As metodologias ativas envolvidas nesta etapa são aprendizagem por pares e gamificação. Com os estudantes organizados em equipes, é possível propor o desenvolvimento dos modelos e protótipos no formato de game, definindo etapas e tempos, e pontuando as ideias mais criativas, econômicas ou acessíveis, por exemplo.

Nesta etapa, os alunos devem colocar em prática seus conhecimentos matemáticos acumulados, partindo deles para elaborar a melhor forma de demonstrar e quantificar os ganhos a partir da utilização de recursos renováveis de energia em comunidades. Os modelos devem ser utilizados na próxima etapa, que deve envolver um momento de apresentação e explicação desses protótipos.

Etapa 4:

Duração estimada: 4 aulas para preparação e organização dos materiais + dia da apresentação (que pode ser realizada em um sábado, por exemplo)

A última etapa do projeto é um momento de síntese de todo o conhecimento desenvolvido ao longo do projeto. Além do material que os estudantes construíram na Etapa 3, deve-se utilizar os resultados obtidos nas entrevistas para elaborar um material de comunicação com as famílias e comunidades na Feira de Ciências. Esse trabalho envolve as habilidades de comunicação e de divulgação científica, uma vez que os estudantes terão o desafio de transpor o conhecimento adquirido a partir de suas pesquisas para comunicar algo ao público, que não teve acesso prévio às mesmas informações.

A organização da Feira de Ciências como atividade final tem como objetivo mostrar à comunidade o trabalho que se desenvolve no contexto escolar e trazer novas propostas dos alunos que possibilitariam a melhoria de vida em suas comunidades a partir de práticas sustentáveis e acessíveis. A organização do evento também envolve o protagonismo dos estudantes e cria um senso de responsabilidade sobre o trabalho que foi desenvolvido e a comunicação acerca desses projetos que deve ser feita. Espera-se que essa percepção gere engajamento nos estudantes e que os conceitos matemáticos e os demais conteúdos abordados na proposta sejam compreendidos na perspectiva da vida cotidiana.

O projeto discutido carrega algumas características dos projetos que devem ser desenvolvidos nas escolas de Ensino Médio nos próximos anos, como a organização por etapas, a utilização de temas atuais e presentes na vida dos estudantes, o uso das metodologias ativas e a construção de ideias empreendedoras. É importante ressaltar que os projetos trazem ideias completamente adaptáveis a diversos contextos, considerando as diferenças regionais do nosso país.

GIORDANO, C. C.; SILVA, D. S. C. Metodologias ativas em Educação Matemática: a abordagem por meio de projetos da Educação Estatística. Revista Produção Discente em Educação Matemática. São Paulo, v. 6, n. 2, pp. 78-89, 2017.

SKOVSMOSE, O. Cenários para investigação. Bolema – Boletim de Educação Matemática, Rio Claro, n. 14, p. 66-91, 2000.

Módulo 5 – Projeto De Vida

Caro professor (a),
neste módulo, você conhecerá outro eixo importante da BNCC para o PNLD 2021, os projetos de vida. Nas próximas páginas, você verá as principais características, como se estruturam os projetos e quais as competências e habilidades a serem desenvolvidas no âmbito dos projetos de vida.

Organização do módulo:

  • Competências socioemocionais
  • O que são os projetos de vida
  • As três dimensões trabalhadas no projeto de vida
  • Organização e objetivos dos projetos de vida
  • Projeto de vida como componente curricular e o trabalho docente

As competências socioemocionais são atitudes e valores que utilizamos para resolver demandas complexas da vida cotidiana. Somos seres formados a partir de nossas experiências, com valores múltiplos e moldados a partir de contextos únicos. É essa construção que direciona nossas atitudes, nossas tomadas de decisões e nossas escolhas ao longo da vida.

Para tudo isso, costumamos acionar as competências que temos em nosso repertório, e sempre buscamos o nosso melhor, no sentido mais prático e direto. Porém, nessa jornada, nem sempre estamos preparados para lidar com nossas emoções. Nesse contexto, o desenvolvimento das competências socioemocionais pode contribuir com os melhores resultados em todos os aspectos e vai muito além de adquirir conhecimentos. Trata-se de uma integração entre o saber e o ser.

No decorrer da vida precisamos desenvolver um conjunto de habilidades para lidar com nossas emoções durante os desafios cotidianos e estão ligadas à nossa capacidade de conhecer, conviver, trabalhar e ser. Essas habilidades unidas formam as competências socioemocionais que estão previstas na BNCC e precisamos nos dedicar para trabalhá-las com mais avidez no Ensino Médio. O que buscamos com o desenvolvimento dessas habilidades é, através do gerenciamento de emoções, proporcionar relações sociais saudáveis e soluções sadias para os problemas do dia a dia.

Elas estão ligadas à nossa capacidade de pensar, sentir, decidir e agir, portanto, variam de indivíduo para indivíduo. Isso justifica a preocupação e a necessidade de incluir o desenvolvimento das competências socioemocionais na grade curricular de todas as escolas, desde a Educação Infantil até o Ensino Médio. Na prática, pretende-se formar alunos com uma boa capacidade de resolver problemas, que consigam se comunicar bem e que estejam abertos a viver novas realidades e experiências.

O que deve se desdobrar para a vida pessoal desses indivíduos e, futuramente, para sua vida profissional, principalmente com os projetos de vida.

Para estimular o desenvolvimento das competências socioemocionais e inseri-las, de fato, nas escolas, a BNCC prevê o trabalho com os projetos de vida, que devem chegar às escolas através do PNLD 2021.

Durante a infância, o sonho e a imaginação são componentes importantes para a construção da nossa identidade. Já quando se é adolescente e jovem, novas atitudes são necessárias para não nos perdemos no labirinto de possibilidades. A construção do caminho pessoal, social e profissional a ser percorrido pelo aluno é exatamente a ponte entre o “querer ser” e o “ser”. Portanto, os projetos de vida são um conjunto de práticas, que abordam vários aspectos e dimensões da vida, foi pensado e planejado para auxiliar os jovens no processo de criação da ponte para o “ser”.

A importância

Com discussões e críticas necessárias à sala de aula, os projetos de vida são grandes aliados na trajetória dos jovens.

“Projetar a vida perpassa por questionamentos sobre as diferentes violências físicas e simbólicas que se configuram diante das desigualdades sociais, étnicas e de gênero. Idealizar a própria vida é ter consciência da responsabilidade de cada um em sua atuação social, descobrindo-se a si mesmo, aos outros e o meio em que vive. É o momento em que são percebidas as tantas formas e jeitos de ser. É também quando alguns dos preconceitos construídos socialmente atingem e afetam as crianças, o que pode ser revertido a partir do compromisso da escola em importar-se com o outro.”
MEC. Caderno de Práticas/Projetos de vida.

Com os projetos de vida, portanto, as escolas terão a oportunidade de contribuir ainda mais nessa etapa e refletir sobre os anseios dos estudantes de forma sistematizada, organizada e mediada.

A proposta da BNCC é dedicar um horário, dentro do período escolar, para que as práticas contidas no projeto de vida consigam proporcionar aos alunos reflexões para que eles construam caminhos para a realização dos seus sonhos, com os pés na realidade que o cerca.

Dica: Para saber mais sobre a proposta do MEC de implementação dos projetos de vida nas escolas, acesse: clique aqui.

Os projetos de vida são estruturados com três módulos obrigatórios que propõem discutir questões de autoconhecimento, lugar no mundo e planejamento para o futuro. Os projetos têm como objetivo oferecer ao aluno uma formação que proporcione integração das questões pessoais e sociais com o mundo e com a escola.

São as dimensões do projeto de vida:

  • Autoconhecimento
  • Interação entre o individual e o coletivo
  • Planejamento de vida

Autoconhecimento

Uma escola que acolhe as juventudes deve conjugar a proposição das vivências que possibilitam aos estudantes o aprofundamento do autoconhecimento a partir da reflexão (Quem sou eu? Quais meus interesses?) com ações de pesquisa, discussão, apropriação e produção de conhecimentos sobre tais temáticas.

Portanto, a primeira dimensão deve ter foco no estudante, com a descoberta de aspirações, interesses, potenciais e desafios pessoais, visando promover o encontro consigo, com ênfase na dimensão pessoal.

Interação entre o individual e o coletivo

A relação com o outro e o lugar do indivíduo no mundo são abordados nesta dimensão, com o objetivo de que os estudantes sejam capazes de refletir e responder à questão “como eu me relaciono comigo mesmo e com os outros?”.

Esta dimensão, de expansão e exploração, deve promover reflexões sobre relações sociais e ampliação de horizontes e possibilidades, com foco no encontro com o outro e o mundo e com ênfase na dimensão cidadã.

Planejamento de vida

A dimensão de planejamento de vida é a conexão das vivências dos estudantes na perspectiva de uma formação cidadã que conjugue a capacidade de estabelecer metas e estratégias de desenvolvimento pessoal que propiciem escolhas de vida saudáveis, éticas e sustentáveis. Também é importante permitir que os jovens pensem sobre como desejam continuar seus estudos após o ensino médio e quais as suas aspirações e oportunidades para inserção no mercado de trabalho.

O planejamento de vida é a fase de construção de caminhos para a vida pessoal, profissional e a ação cidadã, promovendo o encontro do estudante com seu futuro, explorando suas possibilidades com ênfase na dimensão profissional.

Dica: na edição nº19 da revista Educatrix, você encontrará uma matéria da Roberta Amendola que ajuda a entender melhor como são trabalhadas as três dimensões do projeto de vida. Confira!

O desenvolvimento de competências socioemocionais promove a educação integral. E é por meio desse desenvolvimento integral que empodera e prepara para a vida, o jovem tem a possibilidade de ressignificar e transformar sua condição socioeconômica, em muitos casos relacionada ao acesso à escolarização – ou à falta dele. Essa mobilidade social, diretamente associada a autoconhecimento, planejamento e trabalho, é capaz de reverter contextos de vulnerabilidade.

A juventude atual é a autora da sua história, e a escola, principal ambiente de desenvolvimento social e cognitivo, deve ser o espaço para acolher e iniciar a conversão de sonhos em objetivos pessoais e profissionais.

Nesse contexto, a escolha da área e da carreira a serem seguidas não é mais entendida apenas como escolha da profissão. Cursos técnicos e universitários tradicionais estão sendo revistos ou deixando de existir, e os prognósticos para o cenário profissional e as necessidades laborais nas próximas décadas são incertos. Trata-se, portanto, de preparar os alunos para serem “profissionais” no sentido amplo, autônomos para identificar e adquirir os conhecimentos necessários em cada fase da vida profissional de acordo com os seus objetivos e as demandas da sua área e do mundo.

Embora não seja possível definir com precisão essas demandas, podem-se desenvolver habilidades e competências (valores e atitudes) que formem não apenas profissionais, mas, antes de tudo, indivíduos preparados para lidar com mudanças; que saibam aprender e adaptar-se a qualquer situação; que se reinventem constantemente por meio do autoconhecimento; e que, assim, sejam cidadãos e profissionais resilientes, autônomos e socialmente responsáveis.

Projeto de Vida é a construção do caminho pessoal, social e profissional a ser percorrido pelo aluno; é a ponte entre o “querer ser” e o “ser”. Sendo assim, os projetos de vida da editora Moderna visam contribuir para que o jovem (re)conheça sua identidade e sua realidade e faça escolhas de vida saudáveis, sustentáveis e éticas.

Os projetos de vida têm como objetivo:

  • Desenvolver o autoconhecimento e a identidade;
  • Conscientizar sobre o papel do jovem na sociedade;
  • Favorecer a tomada de decisões conscientes sobre a escolha da profissão e da carreira;
  • Desenvolver as competências gerais da Educação Básica, algumas competências específicas e habilidades, previstas na BNCC.

Esses objetivos alinham-se e justificam-se porque promovem uma trajetória escolar mais personalizada, construída com base na identificação de interesses e no desenvolvimento de conhecimentos, habilidades e competências, que gera engajamento por parte dos estudantes e contribui efetivamente para a construção de seu projeto de vida.

Apesar das competências socioemocionais serem desenvolvidas durante todos os momentos escolares, a inserção do projeto de vida no currículo do Ensino Médio demanda que um professor responsável pelo trabalho atribua as aulas destinadas ao projeto de vida.

O trabalho com projetos de vida não exige nenhuma formação específica, podendo ser realizado por professores licenciados em qualquer área do conhecimento. No entanto, como em qualquer trabalho, é necessária uma afinidade do professor com os conhecimentos a serem desenvolvidos.

Neste sentido, os professores mais indicados ao trabalho com projetos de vida são aqueles que se identificam com a dimensão socioemocional da educação e tem como foco e prioridade em sua prática docente a formação e o desenvolvimento dessas competências.

Algumas características imprescindíveis aos professores de projeto de vida são:

  • afinidade pessoal com os estudantes;
  • postura empática e paciente;
  • capacidade de atuar como mediador de conflitos;
  • realizar escuta ativa e permitir o protagonismo dos estudantes;
  • capacidade de proporcionar um ambiente confortável para os estudantes.

Chegamos ao final deste curso. Esperamos que tenham sido momentos de reflexão e inspiração e que os temas trabalhados contribuam para a transição curricular e, de alguma forma, enriqueça o trabalho desenvolvido em sua escola.

Conte com o apoio da Moderna.

Até mais!